EUA: Fed revela disposição para subir juros em meados de 2015

As autoridades do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) deram um pequeno passo em direção a elevar os juros de curto prazo em 2015


Publicado em: 19/12/2014 às 13:00hs

EUA: Fed revela disposição para subir juros em meados de 2015

As autoridades do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) deram um pequeno passo em direção a elevar os juros de curto prazo em 2015 ao introduzir palavras em seu comunicado de política monetária assegurando que serão pacientes em distanciar-se das taxas próximas a zero. Ao fazê-lo, no entanto, o comunicado pós-encontro do Fed expôs o nervosismo que as autoridades do BC sentem quanto a suas próximas ações e sobre como comunicá-las. Também mostrou divisões internas sendo criadas dentro do Fed com a perspectiva de aumento nos juros nos próximos meses.

Garantia - Durante semanas antes do encontro de política monetária, as autoridades debateram se retirariam a garantia de que as taxas permaneceriam baixas por um "tempo considerável" e como o fariam. Os termos do comunicado vinham sendo um indicador importante deixado pelas autoridades por meses para convencer o público de que as taxas não iriam subir tão cedo nem rapidamente.

Temor - Algumas autoridades temiam que retirar essa garantia pudesse abalar os mercados e, de forma não intencional, levar alguns investidores a acreditar que o Fed elevaria os juros antes do que o planejado. Em vez de retirar inteiramente as tão acompanhadas palavras "tempo considerável", o Fed introduziu a palavra "paciência" e ainda comunicou que ela significava efetivamente a mesma coisa.

Ganhos - As ações dos EUA ampliaram os ganhos depois da divulgação do comunicado do Fed, às 14 horas de Nova York. O índice Dow Jones subia mais de 165 pontos, para os 17.324 pontos, tendo avançado quase 100 pontos nos minutos seguintes ao comunicado.

Improvável - Na entrevista coletiva pós-encontro, a presidente do Fed, Janet Yellen, disse ser improvável que o BC eleve os juros pelo menos até a primavera americana. "O comitê considera improvável começar o processo de normalização por pelo menos o próximo par de encontros", disse Yellen, "Essa avaliação, é claro, depende totalmente de dados".

Momento mais provável - Embora algumas autoridades regionais do Fed quisessem começar a elevar os juros na primavera, figuras fundamentais do banco central, como o presidente da regional de Nova York, William Dudley, indicaram que o momento mais provável para o Fed agir seria em meados de 2015, desde que a economia siga o rumo esperado pelas autoridades monetárias.

Divergência - Três autoridades do Fed divergiram: o presidente do Fed de Dallas, Richard Fisher, o presidente do Fed da Filadélfia, Charles Plosser, e o presidente do Fed de Minneapolis, Narayana Kocherlakota. Plosser e Fisher são conhecidos como "hawks" (falcões), pela disposição favorável a elevar rapidamente os juros, enquanto Kocherlakota é conhecido como "dove" (pombo), por preferir esperar.

Paciente - O Fed "julga que pode ser paciente no início da normalização da postura da política monetária", disseram as autoridades no comunicado pós-encontro. Acrescentaram também que a nova descrição de sua posição foi "consistente" com as garantias anteriores, de que os juros vão continuar baixos por um "tempo considerável".

Dados econômicos- O Fed está pesando em sua avaliação uma combinação de dados econômicos. Embora o mercado de trabalho esteja melhorando e o Fed se aferre às previsões de aceleração do crescimento econômico nos próximos dois anos, a inflação depara-se com um novo movimento descendente que as autoridades disseram estar acompanhando de perto.

Medianas - Nas previsões divulgadas com o comunicado do Fed, 15 das 17 autoridades monetárias previram que elevarão os juros em 2015. A mediana das estimativas das autoridades - ou seja, metade das estimativas foi menor e a outra metade, maior - é de juros de 1,125% no quarto trimestre de 2015. Elas apontam um caminho bem gradual de aumentos, uma vez que se iniciem. A mediana das estimativas dos juros para 2016 é de 2,5% e para 2017, de 3,625%.

Mais baixas - Essas estimativas são um pouco mais baixas do que as projetadas pelo Fed em setembro, o que significa que mesmo com as autoridades ainda esperando elevar os juros no próximo ano, elas veem uma abordagem suave quando começarem a elevá-los. As estimativas - embora preliminares e sujeitas a mudanças - implicam que as autoridades do Fed têm em mente quatro elevações de 0,25 ponto percentual em 2015.

Fortalecimento da economia - Por trás da inclinação a elevar os juros está a convicção cada vez maior de que a economia dos EUA se fortaleceu, mesmo enquanto o resto do mundo está às voltas com crescimento baixo ou em desaceleração. As autoridades do Fed projetaram que a economia doméstica vai crescer a um ritmo entre 2,6% e 3% em 2015 e que o índice de desemprego vai cair para 5,2% ou 5,3%.

Pleno emprego - Isso colocaria o indicador em uma faixa que as autoridades classificam de "pleno emprego", situação na qual o desemprego é baixo, mas não tão baixo a ponto de alimentar inflação. Dados econômicos recentes pouco ajudaram a dissuadir as autoridades do Fed desse ponto de vista. "As condições do mercado de trabalho continuaram melhorando, com ganhos sólidos no emprego e índice de desemprego menor", de acordo com o comunicado.

Fatores imprevisíveis - Há, no entanto, vários fatores imprevisíveis que podem alterar o rumo do Fed. O mais óbvio é a inflação. A queda nos preços do petróleo pressiona para baixo os índices de preços ao consumidor. O Departamento do Trabalho divulgou na quarta-feira, horas antes do comunicado do Fed, que os preços ao consumidor caíram 0,3% em novembro em comparação ao mês anterior, maior queda mensal desde que a crise financeira de 2008 balançou a economia mundial.

Pressão aguda - Os integrantes do Fed se atêm à ideia de que a pressão de queda da inflação será aguda, mas de vida curta. As autoridades projetam inflação de 1% a 1,6% em 2015, uma grande revisão para baixo em comparação às estimativas anteriores. No entanto, a veem voltando a ficar entre 1,7% e 2% em 2016 e entre 1,8% e 2%, em 2017. "O comitê continua a monitorar os desenvolvimentos da inflação de perto", segundo o comunicado.

Fonte: Informe OCB

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