Publicado em: 10/09/2013 às 18:00hs
No ano passado, o Brasil foi responsável por 25,4% das exportações mundiais e a fatia mineira foi de 14%, com 15,8 milhões de sacas. Lucra o Estado, que só de janeiro a julho deste ano faturou US$ 1,7 bilhão, segundo a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa-MG). Mas também lucram países como Alemanha e Itália, que compram o café mineiro cru, torram, moem e reexportam.
O presidente das comissões de café da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg) e da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Breno Mesquita, explica que a maioria do café exportado pelo Brasil é o café verde. Esse tipo não tem beneficiamento e, portanto, é mais barato.
Para se ter uma ideia da diferença de valores, enquanto o preço médio de uma saca de café verde foi de US$ 181,11 no primeiro semestre, o do café torrado e moído foi de US$ 412,50. “A grande maioria do café exportado pelo Brasil é o arábica. E Minas responde por 70% do total desse tipo produzido no país”, explica Mesquita.
Metade do café comprado pela torrefadora italiana illycaffè é do Brasil. “Nosso blend é composto por nove tipos de café e o brasileiro responde por 50%, porque tem mais corpo”, explica o consultor científico da illy, Aldir Teixeira. Segundo o diretor geral da empresa para o continente sul-americano, Ferdinando Credidio, 90% dessa parcela brasileira saem de Minas Gerais.
O grão cru sai de Minas, vai para a sede da illy, em Trieste, onde é torrefado. “Os produtos são feitos lá e distribuídos para 140 países, inclusive para o Brasil”, afirma Credidio.
Depois de beneficiado, o café mineiro volta mais caro e com mais 20% de carga tributária. “São 10% do imposto de importação, mais ICMS e 3% de despesas portuárias”, explica Credidio.
A illy é especialista em expressos especiais, mas tem vários outros produtos, inclusive máquinas. Atualmente, o café moído da marca pode ser encontrado por R$ 70 o quilo. É quase o dobro do preço médio de um café especial produzido em Minas. O quilo do Café das Vertentes, no supermercado Verde Mar, por exemplo, custa R$ 36. Sem os impostos, o italiano cairia para R$ 56.
Embora o Brasil seja o maior produtor e o maior exportador mundial de café, ainda não consegue aumentar a rentabilidade exportando produtos prontos. “A partir do momento em que sai do setor primário para o industrial, a mudança é muito grande”, avalia Mesquita.
Encontro mundial do setor começa hoje na capital mineira
O Expominas, na Gameleira, vai sediar a Semana Internacional do Café e, de hoje a 13 de setembro, Belo Horizonte será a capital mundial do produto. “É um momento de discutir o mercado e o que podemos esperar para os próximos anos, o aumento do consumo e as exportações”, afirma o diretor executivo da Organização Internacional do Café (OIC), Robério Silva.
Segundo ele, o maior desafio é tornar o setor mais rentável. “O café brasileiro é o mais comprado por outros países, não somente por competitividade, mas porque tem a maior produtividade do mundo”. O segundo maior exportador é o Vietnã.
“O café do Brasil é muito bom e existem países que o compram para agregar valor. Mas, de um modo geral, quem mais ganha com o café brasileiro é o produtor”, avalia.
Fonte: O Tempo
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