Soja mantém estabilidade em Chicago nesta 6ª após USDA dentro do esperado

Por volta de 8h (horário de Brasília), as cotações recuavam entre 2,25 e 2,50 pontos nos vencimentos mais negociados, com o agosto valendo US$ 8,96 e o novembro, US$ 9,16 por bushel


Publicado em: 12/07/2019 às 10:30hs

Soja mantém estabilidade em Chicago nesta 6ª após USDA dentro do esperado

O mercado da soja trabalha com pequenas baixas na Bolsa de Chicago no pregão desta sexta-feira (12), mantendo-se bem próximo da estabilidade. Os números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) trouxe poucas mudanças em relação ao que era esperado pelos traders e a reação das cotações segue bastante tímida.

Assim, por volta de 8h (horário de Brasília), as cotações recuavam entre 2,25 e 2,50 pontos nos vencimentos mais negociados, com o agosto valendo US$ 8,96 e o novembro, US$ 9,16 por bushel.

As atenções dos traders agora estão ainda mais focadas no desenvolvimento das lavouras norte-americanas e nas condições climáticas que irão enfrentar nessa fase. Neste momento, as previsões indicam tempestades que podem atingir a região do Delta do Mississipi nos próximos dias, mas tempo aberto nas demais regiões produtoras dos EUA.

"Os mapas climáticos ressaltam a formação de uma tempestade tropical agressiva sobre o Sul dos Estados Unidos, oferecendo totais pluviométricos entre 70-300mm acumulados nestes próximos 5 dias. A região do Delta do Mississippi se torna a principal afetada por este fenômeno climático, que poderá alcançar o extremo sul do Cinturão Agrícola, no começo da próxima semana", explica a consultoria ARC Mercosul.

A região responde por por quase 5% de toda a produção de milho e 11,5% de soja norte-americana.

A guerra comercial, mesmo atuando como um fator secundário sobre o mercado neste momento, permanece forte no radar dos players. Um consenso ainda não foi encontrado e o presidente americano Donald Trump vem se queixando do comportamento dos chineses sobre pequenos acordos que foram firmados na última reunião do G20 e que não estariam sendo cumpridos, como novas compras de produtos agrícolas dos EUA.

Veja como fechou o mercado nesta quinta-feira:

Soja: Mercado reage timidamente aos números do USDA e fecha com leves altas nesta 5ª feira. Cinco analistas comentam

O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) trouxe seus novos dados mensais de oferta e demanda e promoveu mudanças consideráveis no cenário 2019/20 da soja norte-americana. A reação do mercado aos números, porém, foi bastante limitada na Bolsa de Chicago. Os principais vencimentos terminaram o dia com pequenas altas de 2 a 4 pontos.

O agosto fechou com US$ 8,99, enquanto o novembro/19 foi a US$ 9,17 por bushel.

Quem liderou o avanço dos preços nesta quinta-feira (11) no mercado internacional foi o trigo, que, subiu mais de 3% entre os contratos mais negociados na CBOT. Na sequência, os futuros do milho avançaram mais de 2%, mesmo diante de um relatório considerado baixista para o cereal. Segundo especialistas, o mercado parece estar mais interessado na reação e no desenvolvimento das lavouras nos campos norte-americanos.

Além disso, o mercado já espera pelos novos números de área que o USDA traz em 12 de agosto e que poderão, ainda de acordo com analistas e consultores, trazer reajustes que levarão as expectativas para a área da safra 2019/20 mais próximas da realidade.

A estimativa para a produção de soja norte-americana caiu de 112,94 para 104,64 milhões de toneladas, com uma baixa na produtividade - de 55,48 para 54,35 sacas por hectare - e nas áreas plantada e colhida com a oleaginosa. A área plantada caiu de 34,24 para 32,38 milhões de hectares, enquanto a plantada passou de 33,91 para 32,09 milhões.

O USDA ainda revisou os estoques finais norte-americanos da safra nova para 21,64 milhões de toneladas, contra 28,44 milhões do boletim de junho. Por outro lado, as exportações também foram corrigidas para menos, ficando em 51,03 milhões de toneladas, quando no mês passado o estimado era de 53,07 milhões.

O Notícias Agrícolas conversou com alguns analistas e consultores de mercado sobre suas impressões em relação a este boletim de julho do USDA. Veja o que dizem.

Camilo Motter, Granoeste Corretora

"Este foi um relatório em que o mercado deu uma olhada rápida, colocou gaveta e voltou a observar clima e o desenvolvimento das lavouras nos campos americanos. Em relação ao que era esperado, principalmente para a soja, não veio nenhuma novidade. Até na produtividade a expectativa do mercado ficou em linha com o que foi divulgado", diz Camilo Motter, economista e analista de mercado da Granoeste Corretora de Cereais.

Para ele, há dois fatores que fazem com que esse relatório tenha pouca importância neste momento. "Uma delas a questão climática - que será decisiva entre julho e agosto - e a revisão de área que chega em agosto e, onde eu acredito que haverá uma redução para o milho e aumento para a soja", explica.

Ainda segundo Motter, essa quebra estimada pelo USDA de 8 milhões de toneladas na safra de soja - que veio em linha com o esperado pelo mercado - acaba tendo impacto limitado sobre os preços diante também dos problemas causados na demanda pela guerra comercial entre China e EUA e pelos efeitos da Peste Suína Africana. "Assim, o clima daqui pra frente ganha muita importância", complementa o analista, para que se conheça a real oferta norte-americana nesta temporada.

Steve Cachia, Cerealpar

"O relatório foi ligeiramente altista para a soja e baixista para o milho, mas não é conclusivo. Já passamos rapidamente por cima dele e desde já o foco será sobre os números de agosto. Isso porque o USDA vai ter uma imagem mais clara do que foi efetivamente plantado até lá", acredita o diretor da Cerealpar e relações internacionais da Leaxcoin, Steve Cachia. "De fato, os produtores americanos têm até 15 de julho e, nos estados mais atingidos pelas enchentes, até 22 de julho para informar o que plantaram", completa.

O foco do mercado também se deu mais sobre o trigo no boletim desta segunda, como explica Cachia, o que ajudou a puxar os preços do milho. "Mas, basicamente o mercado está olhando o clima, seja nos EUA ou ao redor do mundo - no caso do trigo. Fora isso, há limitações de alta na soja que chegam com a guerra comercial e o Trump reclamando que os chineses não estão comprando. As fracas exportações reportadas hoje confirmam isso", diz. "E há ainda a Peste Suína na Ásia, o que o crescimento das exportações brasileiras de carne suína para a China confirmam a gravidade da situação".

O diretor da Cerealpar alerta ainda para as altas que foram registradas no farelo de soja nesta quinta-feira, também motivadas pelos bons ganhos do trigo. "O USDA hoje cortou produção de alguns países produtores e esses mesmos estao em pleno verão, com chances de perder mais ainda. Isso foi o que desencadeou o dia positivo hoje", conclui o analista.

Matheus Pereira, ARC Mercosul

Para Matheus Pereira, diretor da ARC Mercosul, o importante será observar os reajustes dos números que virão nos meses seguintes, principalmente diante das condições de clima que o Corn Belt ainda irá enfrentar. "Apesar das chuvas intensas no plantio, agora são necessárias temperaturas amenas e precipitações regulares', explica.

Assim, "a ARC alerta que o mercado não trouxe uma reação agressiva sobre tais ajustes de incremento no milho, uma vez que há uma consciência generalizada de que as produtividades do cereal deverão ser reduzidas devido aos problemas graves no plantio".

Vlamir Brandalizze, Brandalizze Consulting

Um dos destaques do consultor Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, foram os estoques da safra velha norte-americana, em 28,6 milhões de toneladas. "Caem os estoques e, provavelmente, vão cair mais porque terá demanda de soja nos EUA porque já não se consegue comprar mais no Brasil porque as ofertas se escassearam por aqui", diz.

Dessa forma, o especialista vê um quadro de oferta e demanda se ajustando, o que dá fôlego aos preços da oleaginosa na Bolsa de Chicago, permitindo que eles caminhem, ao menos, na casa dos US$ 9,00 por bushel. "Dos US$ 9,00 aos US$ 9,60 devem ser os patamares de trabalho nos próximos dias", acredita Brandalizze.

Ginaldo Sousa, Grupo Labhoro

Como explicou o diretor do Grupo Labhoro, Ginaldo Sousa, a repetição dos números de área do reporte do último dia 29 de junho no boletim desta quinta-feira fez com que o mercado não "confiasse" nos números e passasse rapidamente pelo reporte. Agora, os olhos se voltam para os dados que chegam em 12 de agosto, que serão "dados novos", que poderão se mostrar mais próximos da realidade, especialmente de área de soja e milho dos EUA.

"O relatório já foi. Temos que olhar agora para o clima e para o relatório de agosto", diz. "E estes números são insuficientes para provocar um novo rally", completa.

PREÇOS NO BRASIL

No Brasil, apesar de uma nova queda do dólar, os preços subiram nesta quinta-feira. Em Sorriso, o produto balcão registrou um ganho de 1,69% para fechar o dia com R$ 60,00, e de 1,64% para o disponível, que ficou em R$ 62,00 por saca. Em Ponta Grossa, no Paraná, alta de 1,32% para R$ 76,50.

Nos portos, as cotações também recuperaram parte das perdas dos últimos dias. Em Paranaguá, R$ 79,00 no disponível e R$ 79,50 para agosto, com altas de 0,64% e 0,63%. Já em Rio Grande, ganhos de 0,26% e 0,25% com referências em R$ 78,50 e R$ 79,00 por saca, respectivamente.