O diretor-geral do IICA participou da reunião de cúpula do grupo de afinidade de think-tanks do G20, que entregará recomendações de políticas aos líderes deste fórum global.

Diminuir as brechas da produtividade na área agrícola e rural em relação a outros continentes requer mais investimentos em infraestrutura, em pesquisa e em desenvolvimento, além da aceleração dos processos de integração comercial, afirmou o diretor-geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Manuel Otero, em sua exposição na reunião de cúpula do T20, grupo de afinidade de think-tanks do G20, em Buenos Aires, Argentina.

Otero participou da sessão plenária do T20 sobre Segurança Alimentar e Agricultura Sustentável, quando fez apelo para que haja prioridade para os investimentos em infraestrutura e em pesquisa e desenvolvimento e para uni-las em sólidas políticas públicas, de forma a “garantir” que a América Latina e o Caribe cumpram um papel-chave para a segurança alimentar e nutricional do mundo. Para Otero, a região já está convocada a ter esse papel.

O titular do IICA enfatizou também ser necessário “unir esforços para listar os grandes potenciais que a sub-região da agricultura tropical oferece, com base nos pilares da pesquisa e desenvolvimento e do comércio e integração”.

Lembrou ainda que "os custos logísticos das zonas rurais na América Central representam 40% do total, enquanto que, no Chile, são de 18%, e a média dos países da OCDE alcança 8%”. Otero considerou os projetos financiados pela modalidade de Parceria Público Privada (PPP) como “uma alternativa muito boa para os investimentos em infraestrutura rural”.

“Esta região tem tudo para ser uma protagonista da segurança alimentar global e para a sustentabilidade do planeta. Para isso, é necessário acelerar os processos para despertar o gigante dormido que temos nas Américas”, assegurou.

Nesse sentido, Otero ressaltou “os bons sinais” que vêm das aproximações entre o Mercosul e a Aliança do Pacífico, já que considerou a integração comercial como um dos aspectos relevantes para apoiar a competitividade agrícola.

O diretor-geral do IICA também mencionou situações particulares de países como El Salvador, Honduras e Haiti e dos estados do Caribe Oriental, pela extrema vulnerabilidade dessas nações à mudança climática e as suas fragilidades para adotar sólidas políticas agrícolas de longo prazo.

“Políticas setoriais sólidas e de longo prazo, políticas sociais focadas nos grupos mais vulneráveis, forte coordenação interinstitucional, investimento em infraestrutura, desenvolvimento e pesquisa e, claro, economias mais abertas e mais integradas vão deslanchar enormemente as nossas possibilidades de jogar esse papel-chave”, disse Otero.

“Há uma agenda pendente, a de ganhar produtividade. Para isso, temos de garantir em todo o nosso continente uma visão para implementar políticas agrícolas de longo prazo, com dois pilares: mais investimento em pesquisa e desenvolvimento e mais comércio e integração”, concluiu o titular do IICA.

A reunião do T20 deu-se no âmbito da presidência argentina do G20, o fórum global para a cooperação econômica, financeira e política, integrado por 19 países e pela União Europeia. O encontro foi coordenado neste ano pelo Conselho Argentino para as Relações Internacionais (Cari) e pelo Centro de Implementação de Políticas Públicas para a Igualdade e o Crescimento (Cippec). Essa reunião de cúpula congregou representantes dos principais think-tanks do mundo, autoridades governamentais, altos funcionários de organizações internacionais e líderes da comunidade empresarial.

Na sessão plenária sobre “Segurança Alimentar e Agricultura Sustentável”, Otero expôs ao lado de Belay Begashaw, do Centro dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para a África, Máximo Torero, do Banco Mundial, e Valeria Piñeiro, do International Food Policy Research Institute. A sessão foi moderada por Martín Piñeiro, diretor do Comitê de Assuntos Agrários do Cari e diretor-geral emérito do IICA.