Agricultura Precisão

Nanossatélite chega ao campo

O programa de quase R$ 2 bilhões ganhou impulso depois das revelações de que a NSA (a Agência Nacional de Segurança, dos Estados Unidos) estava espionando a ex-presidente Dilma


Publicado em: 12/12/2018 às 09:00hs

Nanossatélite chega ao campo

A Visiona, subsidiária da Embraer que desenvolve satélites e faz a integração de sistemas espaciais, acaba de anunciar parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que poderá levar a agricultura brasileira à era do big data e da internet das coisas, abrindo espaço para o surgimento de novas agrotechs, empreendimentos inovadores do agronegócio.

Joint-venture formada pelas empresas Embraer Defesa (51%) e Telebras (49%), a Visiona nasceu em 2012 para executar o programa de desenvolvimento do primeiro satélite geoestacionário brasileiro, o SGDC, lançado no ano passado e que hoje é utilizado para a comunicação estratégica do governo brasileiro. O programa de quase R$ 2 bilhões ganhou impulso depois das revelações de que a NSA (a Agência Nacional de Segurança, dos Estados Unidos) estava espionando a ex-presidente Dilma.

A Visiona foi a beneficiária das transferências de tecnologia durante o desenvolvimento do SGDC e hoje está desenvolvendo o primeiro nanossatélite para fins comerciais brasileiro: o VCUB1, previsto para ser colocado em órbita em 2020. O país tem outros nanossatélites, desenvolvidos em universidades, como o Itasat, do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA).

Pelo acordo, a Embrapa vai estudar e desenvolver possibilidades de aplicações para a montanha de dados que pode ser captada pelo satélite. O investimento do VCUB1 é de R$ 14 milhões, sendo R$ 4 milhões financiados pela Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), estatal de inovação do Ministério de Ciência e Tecnologia.

O VCUB terá 10 quilos e ficará posicionado a 600 quilômetros de altura. Dará uma volta na Terra a cada 90 minutos. Para efeito de comparação, o CGDC pesa 7 toneladas e fica a 36 mil quilômetrosda Terra. O nanossatélite estará equipado com aparelhos e sensores de altíssima tecnologia, capazes de monitorar com precisão áreas de produção agropecuária e de preservação ambiental.

Regiões remotas

A Embrapa deve desenvolver algoritmos que permitirão interpretar as imagens captadas pelo satélite para diversos tipos de aplicações. Entre outros usos, como identificar regiões mais ou menos produtivas, o satélite também vai permitir levar sinal a regiões remotas para conectar maquinários equipados com internet das coisas.

O plano de futuro da Visiona é ter uma constelação de nove nanossatélites – o que permitiria fotografar e monitorar qualquer canto do Brasil com periodicidade diária. O ritmo do lançamento dos satélites vai depender da demanda pelos serviços em terra.

Além da Embrapa, a Visiona tem parceria para desenvolvimento de aplicações com o uso de satélites feitas com o governo de Santa Catarina.

A subsidiária da empresa brasileira ainda é nano em termos de faturamento para a Embraer – com receitas recorrentes estimadas entre R$ 15 milhões e R$ 40 milhões – , mas o negócio tende a ganhar relevância dentro do portfólio.

Fonte: Estado de Minas

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