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Indústria de massas e biscoitos do Brasil fatura 4,9% mais no 1° quadrimestre

O "efeito colateral" da quarentena contra o coronavírus foi maior consumo de alimentos em casa, destacou o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi), Claudio Zanão


Publicado em: 30/06/2020 às 19:40hs

Indústria de massas e biscoitos do Brasil fatura 4,9% mais no 1° quadrimestre

A indústria de produtos feitos com farinha de trigo registrou aumento de 4,9% no faturamento no primeiro quadrimestre, para 9,6 bilhões de reais, com impulso do setor de massas alimentícias na esteira de um maior consumo das famílias em tempos de isolamento pela Covid-19 e pela alta dos preços, informou nesta segunda-feira a Abimapi, associação setorial.

O "efeito colateral" da quarentena contra o coronavírus foi maior consumo de alimentos em casa, destacou o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi), Claudio Zanão.

"Acreditamos que onde se gasta mais com macarrão é dentro do lar, talvez pela aceitação, pela praticidade em prepará-lo ou pela diversidade que o produto pode trazer, em formatos e combinações de molhos para acompanhar", disse ele, em comunicado.

Neste contexto, a associação aproveitou para repassar preços com o trigo, principal custo da indústria, que aumentou fortemente após máximas do dólar frente ao real neste ano, conforme Zanão havia antecipado à Reuters em abril.

Como o Brasil importa a maior parte de suas necessidades, esses custos sofrem influência do câmbio.

O faturamento de massas alimentícias aumentou 9,5% nos primeiros quatro meses do ano, para 2,6 bilhões de reais, enquanto as vendas em volumes subiram 3,9%, para 331 mil toneladas, com destaque para as instantâneas, com um crescimento de 12,2% nas vendas e 7,5% em volume (740 milhões de reais e 45 mil toneladas, respectivamente).

Por outro lado, para a diretora de atendimento da indústria de alimentos da Nielsen, Daniela Toledo, o setor deve se preparar, pois o Brasil está na chamada "fase cinco" da pandemia (vida restrita), caminhando para a próxima etapa, nomeada "nova normalidade", o que pode interferir nos hábitos de consumo.

"Para o futuro, o cenário será de retração, por isso é importante se dedicar a revisão de metas, replanejamento do ano e repriorização de projetos, além disso, é essencial fortalecer os laços com o consumidor...", acrescentou ela, em nota divulgada pela Abimapi, uma das maiores associações alimentícias do país, com 104 empresas --o setor responde por um terço do consumo nacional de farinha de trigo.

Já a categoria "biscoitos", que responde pela maior parte do faturamento da indústria, indicou um aumento de 0,6% em receita no primeiro quadrimestre e uma retração de 1,3% em volume (4,7 bilhões de reais e 363 mil toneladas).

"Os dados mostram que a venda dos produtos cresceu no varejo moderno, principalmente no C&C (Cash and Carry), mas não compensa a retração do pequeno varejo", disse a associação.

A categoria de pães industrializados registrou um aumento de 6,2% em faturamento e 7,1% em volume (1,8 bilhão de reais e 143 mil toneladas).

"Com crescimento ano a ano, o prazo de validade dos produtos acabou se tornando fator determinante, especialmente em meio a momentos ruins para a economia do país, como o que estamos passando agora frente à pandemia", explicou Zanão.

Já "bolos industrializados" totalizaram um crescimento de 18,7% em faturamento e 14,3% em volume (340 milhões de reais e 12,2 mil toneladas), resultado impulsionado pelos canais de compra: super e hipermercados, estabelecimentos que se mantiveram abertos.

"A categoria ganha espaço no mercado devido à praticidade. Além disso, fatores como qualidade, preço e saudabilidade determinam as constantes novidades dos produtos", comentou o presidente da associação.