Arroz

Em busca de abastecimento diante de coronavírus, varejo intensifica compras de arroz e preço atinge recorde nominal

O Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, disponibiliza hoje a quarta edição de especial temático de “Coronavírus e o Agronegócio”. Desta vez, pesquisadores avaliaram os impactos da pandemia sobre o mercado nacional de arroz


Publicado em: 04/05/2020 às 18:40hs

Em busca de abastecimento diante de coronavírus, varejo intensifica compras de arroz e preço atinge recorde nominal

Segundo pesquisadores do Cepea, ao longo de abril, os preços de arroz em casca seguiram em alta no Rio Grande do Sul, maior estado produtor, renovando os patamares recordes nominais da série histórica do Cepea, iniciada em 2005. Nem mesmo a proximidade da finalização da colheita foi suficiente para segurar as reações positivas de preços.

O fato é que, diante dos primeiros casos de covid-19 no Brasil, desde março, consumidores do produto beneficiado passaram a adquirir volumes maiores, forçando o varejo a se abastecer do atacado e, por sua vez, dos engenhos beneficiadores. Pesquisadores do Cepea indicam que, em alguns casos, agentes apontaram vendas sendo triplicadas no período, com o atacado e o varejo visando formar estoques. Os preços obtidos com as exportações também estavam em elevação, impulsionados pela maior taxa de câmbio, o que mantém o interesse de vendedores. Porém, produtores se mostraram retraídos, apostando na continuidade dos aumentos nos preços. A postergação de pagamentos de dívidas, anunciada pelo governo, favoreceu as ações vendedoras.

Pesquisadores do Cepea alertam que, apesar deste cenário, a compra do arroz beneficiado pode se desacelerar no médio prazo, por conta do aumento nos estoques, inclusive por parte dos consumidores finais, o que pode desaquecer a demanda pelo casca.

INDICADOR – O Indicador do arroz em casca ESALQ/SENAR-RS atingiu o maior patamar nominal neste mês de abril de 2020. Já em termos reais (ou seja, considerando-se a inflação para o período, com base no IGP-DI até março/20), o Indicador atual é apenas o maior desde fevereiro/17, sendo que, naquele período, havia baixo estoque de passagem, após a redução da oferta na safra anterior. A maior média real, de R$ 68,09/sc, foi registrada em maio de 2008.

CONJUNTURA – No agregado do Brasil, a área com arroz decresce desde o ano-safra 2004/05, sendo que, na temporada atual, a área de cerca de 1,8 milhão de hectares é equivalente a 43% da área que foi cultivada em 2004/05. Desde então, a oferta total teve redução de 21,3%, segundo dados da Conab. A redução da área com arroz certamente tem relação com a perda de competitividade perante outras culturas concorrentes em área. Segundo dados da equipe de custos agrícolas do Cepea, o patrimônio investido em arroz no Rio Grande do Sul não foi remunerado ao longo das safras 2009/10 e 2018/19.

Quanto ao consumo per capita, tomando-se como base dados do IBGE, verifica-se forte redução no volume relacionado ao consumo domiciliar entre os dados da POF 2007-2008 e a POF 2017-2018. Enquanto no primeiro período eram consumidos 26,5 kg per capita anual de arroz no domicílio, em 2017-2018, caiu para 19,76 kg per capita anual, redução de mais de 25% no período (IBGE).

Clique aqui e confira o relatório completo.

Confira também:

“Coronavírus e o Agronegócio” – Volume 1: Setores do agro mais dependentes da demanda doméstica devem ser os mais prejudicados pelos efeitos do coronavírus
“Coronavírus e o Agronegócio” – Volume 2: Impactos no PIB e no mercado de trabalho do agronegócio
“Coronavírus e o Agronegócio” – Volume 3: Da indústria ao campo, coronavírus prejudica toda a cadeia algodoeira