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COVID-19 II: Cooperativas agropecuárias propõem a criação de linhas emergenciais

As cooperativas agropecuárias estão propondo a criação de duas linhas de crédito emergenciais, com o propósito de dar mais liquidez ao setor e viabilizar a manutenção dos fluxos comerciais e de pagamentos aos cooperados, fornecedores e empregados


Publicado em: 26/03/2020 às 16:20hs

COVID-19 II: Cooperativas agropecuárias propõem a criação de linhas emergenciais

As demandas foram levantadas pelo Grupo Técnico de Crédito Rural do Sistema OCB juntamente com os dirigentes cooperativistas dos segmentos de aves, suínos e lácteos. A ideia é mitigar os impactos advindos da atual situação provocada pelo novo coronavírus e viabilizar a continuidade das atividades executadas pelas cooperativas. Um ofício com as sugestões foi encaminhado à ministra Tereza Cristina, nesta sexta-feira (20/03), assinado pelo presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas.

Custo financeiro - No documento, as cooperativas alertam que deve haver um déficit no fluxo de caixa das cooperativas no curto prazo, devido aos diferentes prazos de pagamento e recebimento entre cooperativas, cooperados e fornecedores. Lembram ainda que os produtores estão fixando a produção em ritmo muito mais acelerado que a média histórica, por conta da alta do câmbio, o que tem feito com que algumas cooperativas que atuam em cadeias produtivas mais intensivas em capital, como carnes e leites, já comecem a sentir os efeitos da crise. Além disso, o custo financeiro de algumas operações multiplicou em poucos dias. As CPRs (Cédulas do Produtor Rural), por exemplo, que estavam sendo negociadas entre cooperativas e bancos ao preço de 5,5% ao ano, no início da semana passada, passou para o patamar de 10% ao ano três dias após. “Em pouco tempo, dadas as repercussões muito negativas do covid-19, com possível fechamento de países inteiros, as cooperativas agropecuárias poderão se deparar com interrupção do fluxo comercial e de embarques para o exterior, com sérios impactos de deficiência de tesouraria e queda abrupta de liquidez de tais empreendimentos. Assim, torna-se urgente a implementação de medidas para assegurar a produção de alimentos em meio à crise, sendo as cooperativas as grandes responsáveis por este processo,” afirmam no ofício.

Capital de giro -Uma das sugestões é a criação de uma linha de crédito para financiamento de capital de giro, com limite de R$ 65 milhões, taxa de juros de até 6,5% ao ano e prazo total de seis anos, com dois de carência, via Programa de Capitalização das Cooperativas de Produção Agropecuária (Procap-Agro). As beneficiárias seriam as cooperativas singulares de produção agropecuária, agroindustrial, aquícola ou pesqueira, e cooperativas centrais formadas exclusivamente por cooperativas de produção agropecuária, agroindustrial, aquícola ou pesqueira. De acordo com as cooperativas, a sugestão das cooperativas é de que o Ministério possa apoiar o setor com base “nos moldes das medidas emergenciais adotadas após a crise de liquidez do mercado americano, conhecida como ‘crise de subprime’, em 2018, altamente eficaz e com repercussões muito positivas para a economia”.

Estiagem - As cooperativas estão ainda propondo a instituição de uma linha de crédito emergencial, também via Procap-Agro, visando amenizar os efeitos da estiagem que atinge o Rio Grande do Sul. “Em diversas regiões produtoras, as quebras dos principais grãos de sequeiro já ultrapassam os 50%, trazendo enormes prejuízos, não apenas aos produtores, que em sua maioria têm seus financiamentos bancários cobertos pelo Proagro ou seguro rural, mas de todos que têm seus negócios dependendo do desempenho dos primeiro, o que ocorre na maioria dos municípios do Estado, onde estes não estão cobertos por nenhum tipo de seguro”, argumenta a OCB. Denominada “Procap-Agr Emergencial Estiagem”, a linha de crédito teria como finalidade a renegociação de até 100% do montante devido à cooperativa por seu associados, em decorrência de débitos ou a vencer entre 1 de janeiro de 2020 e 30 de dezembro de 2020, desde que contraídos para aquisição de insumos para uso na safra 2019/20. O limite seria de R$ 65 milhões, com prazo de reembolso de seis anos, com carência de dois anos e taxa de juros de 6,5% ao ano.

Clique aqui e confira na íntegra o ofício do Sistema OCB encaminhado à ministra Tereza Cristina

Fonte: Portal Paraná Cooperativo

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