Nos últimos dois meses a cidade de Avaré, no interior paulista, registrou chuvas acima da média histórica. Em novembro, de acordo com dados do Inmet – Instituto Nacional de Meteorologia, choveu 281 mm, sendo que o normal para a época são 131 mm. Em dezembro, a chuvarada se repetiu e atingiu 214 mm, ficando novamente acima da média do mês, que é de apenas 180 mm.

Com tanta água no solo, as plantações de melancia, que são comuns na região e que já estavam em época de colheita, começaram a sofrer com a umidade elevada e também com outra situação climática: a queda de granizo. “Teve bastante chuva na colheita e também teve granizo, que ocorreu mais em novembro, o que afetou a qualidade do produto”, conta Shinya Takahagui, agrônomo e ex-presidente da AREA - Associação Regional dos Engenheiros Arquitetos Agrônomos Avaré.

Como a melancia é uma cultura rasteira, ou seja, suas folhas e frutos ficam em contato direto com o solo, o agrônomo explicou que, quando ocorre muita chuva, a planta fica mais suscetível às doenças. Tudo por conta da forte umidade, que contamina as folhas, influencia o tamanho do fruto, a oferta de mercado e, consequentemente, o valor, que registrou elevação no final de 2015. Até o dia 07 de janeiro, a melancia ainda estava classificada com “preço em alta”, no site da Ceagesp.

Consultado sobre esse excesso de chuva, que tem causado perdas para os agricultores de Avaré, o meteorologista da Climatempo, Alexandre Nascimento, explicou que a chuva de verão (iniciado em dezembro) não chegou mais cedo a Avaré, e que, na realidade, “o responsável pela precipitação acima de média na cidade desde novembro foi o forte fenômeno El Niño”.

Alerta para a soja

Com o fim da colheita da melancia em dezembro, a preocupação com as chuvas de janeiro são agora transferidas para outra cultura: “não temos plantio e nem colheita de melancia em janeiro. Mas a chuva ainda pode prejudicar a plantação da soja, que vai começar nas próximas semanas”, alerta o agrônomo Takahagui.

E ele está certo em se preocupar. As previsões da Climatempo apontam mais chuvas fortes, com grandes chances de ultrapassar (pelo terceiro mês consecutivo) a média mensal. “Neste começo de janeiro tivemos uma interrupção da chuvarada, mas ela aumenta a partir da semana do dia 11. A tendência é de bastante chuva na segunda quinzena”, diz Nascimento, que complementa a previsão citando a expectativa de 284 mm para este mês, quando o normal é 206 mm. Em fevereiro, a precipitação diminui de frequência e de força, mas ainda vai superar a média mensal (de 182 mm) e atingir cerca de 200 mm.