Soja

Após queda intensa, soja tem estabilidade em Chicago nesta 5ª. Foco, porém, segue no coronavírus

Perto de 7h30 (horário de Brasília), os futuros da oleaginosa perdiam pouco mais de 1 ponto entre os principais contratos, com o maio valendo US$ 8,61 e o agosto, US$ 8,67 por bushel


Publicado em: 02/04/2020 às 10:40hs

Após queda intensa, soja tem estabilidade em Chicago nesta 5ª. Foco, porém, segue no coronavírus

Após despencar mais de 2% na última sessão, as cotações da soja operam com tímidas perdas e bem próxima da estabilidade na Bolsa de Chicago nesta quinta-feira (2). Perto de 7h30 (horário de Brasília), os futuros da oleaginosa perdiam pouco mais de 1 ponto entre os principais contratos, com o maio valendo US$ 8,61 e o agosto, US$ 8,67 por bushel.

A reação do mercado é bastante natural e já esperada pelos traders. Os preços testam um leve recuperação, mas continua sentindo a pressão trazida pelos desdobramentos da pandemia do coronavírus. E assim, seus próprios fundamentos continuam atuando sem protagonismo neste momento.

"A recessão esperada para o resto de 2020 preocupa. O único alento para o mercado é que a China já está voltando a funcionar e vários países estão tentando formar estoques estratégicos. O mercado internacional portanto precisa de confirmações de negócios e/ou sinais claros de vacina ou remédio eficiente contra esse Coronavírus para se acalmar", explica Steve Cachia, consultor de mercado da Cerealpar e da AgroCulte.

No Brasil, o dólar continua sendo o fiel da balança. Renovando suas máximas históricas, "a deterioração constante da moeda brasileira segue oferecendo suporte aos preços que estão tambem em níveis historicamente altos em reais", completa Cachia.

Veja como fechou o mercado nesta quarta-feira:

Soja derrete em Chicago sem demanda chinesa e com possibilidade de migração de plantio após crise de etanol nos EUA

E essa pressão nas cotações em Chicago deve seguir ao longo de abril, enquanto mercado estiver focado em demanda. Mudanças viriam somente quando os fundamentos se voltarem para o risco da redução de oferta caso a safra americana seja comprometida

Nesta quarta-feira (1), o mercado da soja teve um dia bastante negativo na Bolsa de Chicago e fechou o dia com perdas de mais de 2% - ou mais de 20 pontos de queda entre os principais contratos. "Já vinhamos alertando sobre a soja não sustentar aquele rally de 65 pontos dos últimos dias e isso se dá porque a soja americana não tem demanda neste momento", explica o analista de mercado Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities.

Essa falta de demanda, ainda segundo o analista, se dá pela manutenção da demanda, principalmente por parte da China, no Brasil, refletindo uma convergência de fatores. Trata-se de uma combinação de boas margens para o produtor brasileiro - em função do câmbio - boas margens para as tradings aqui no Brasil e as margens fortes e positivas também das esmagadoras chinesas.

Enquanto isso acontece, bons negócios seguem acontecendo no Brasil, como nesta semana com reportes de ao menos 1,5 milhão de toneladas no campo, de originação com compras direto do produtor ou em cooperativas.

Nesta quarta-feira, os prêmios para a soja subiram no mercado brasileiro e, ao lado do dólar que subiu mais de 1% para fechar nos R$ 5,26, manteve as cotações em reais praticamente inalteradas, com valores acima dos R$ 100,00 por saca nos principais portos nacionais. "Enquanto esse ritmo continuar, produtor continua vendendo", complementa o analista da Agrinvest.

Como já vinha sendo esperado, março foi de recorde para as exportações brasileiras de soja. De acordo com os números publicados nesta quarta-feira (1) pela Secex (Secretaria de Comércio Exterior), foram 11,64 milhões de toneladas, melhor volume para o mês na história do mercado brasileiro. O volume ficou ainda bem superior ao registrado em fevereiro - 5,11 milhões de toneladas - e ao volume de março de 2019, de 8,45 milhões.

Assim, o acumulado em 2020 já chega a 18,25 milhões de toneladas, contra 15,76 milhões no mesmo período do ano passado, ou seja, um aumento de 15,8%. A China continua sendo o principal destino da soja brasileira.

Para Vanin, apesar de compras pontuais da nação asiática nos EUA, uma demanda mais presente e consistente no mercado norte-americano deverá dar-se no segundo semestre somente. "Acreditamos que ao longo dos próximos três meses a soja brasileira vai ficar inviável em relação à americana. Então, a China vai comprar soja americana já olhando para agosto e dali para frente", diz.

SOJA X MILHO

Com uma crise no etanol de milho nos EUA, que pressiona todos os elos da cadeia produtiva do cereal no país, há ainda a possibilidade de que o produtor americano busque destinar uma área maior de soja do que o atualmente estimado.

"A mudança de perspectiva de cenário só acontecerá quando começar o plantio americano, quando o foco do mercado muda da demanda para a oferta. E aí aumentam as especulações para as cotações da soja em Chicago, como o clima e entrega de insumos", afirma.

Fonte: Notícias Agrícolas

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