Preços Agropecuários

Soja atinge 'equilíbrio' com travas a partir de R$ 44 por saca em MT

Alguns reais a mais ou a menos podem fazer uma grande diferença na margem de lucro do sojicultor mato-grossense, especialmente, em uma safra – como a atual – que exibe o maior custo de produção da história local, média de R$ 2,34 mil por hectare plantado


Publicado em: 21/10/2013 às 12:00hs

Soja atinge 'equilíbrio' com travas a partir de R$ 44 por saca em MT

A diferença de apenas um real, por exemplo, pode ser o divisor entre o lucro pequeno, mais ainda assim lucro, ou o prejuízo de mais de R$ 23. Neste cenário, considerando uma produtividade média de 51 sacas, quem vendeu a soja a R$ 43, deve contabilizar prejuízo de R$ 23,94. Quem negociou a mesma saca de 60 quilos a R$ 44, pode ter lucro de R$ 7,40, ou seja, R$ 44 é o ponto de equilíbrio desta safra, qualquer valor abaixo desta grandeza sinaliza saldo negativo e contas no vermelho.

Conforme o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), a variação da atual safra pode ir de perdas de R$ 180,66 por hectare (ha) até um lucro de R$ 195,45/ha. O pulo do gato está exatamente no rendimento por hectare e no valor travado da produção.

Este levantamento do Imea, apresentado na semana passada, mostra cenários em que a saca foi vendida entre R$ 38 até R$ 50, o que possibilita ganhos ou perdas. Levando em conta a produtividade de 51 sacas e os valores médios travados de abril a agosto, pode se dizer que os 38,5% da produção estimada e que já foram vendidos de forma antecipada – safra deve render 25,67 milhões de toneladas (t) – foram negociados a R$ 45,05 e dentro deste valor, a margem de lucro seria de R$ 38,74/ha plantado, ou seja, o valor supera o ponto de equilíbrio.

Isolando apenas a média de preços em abril, que foi R$ 40 no Estado, quando 12,2% da produção estavam vendidos, há um cenário de alerta com projeção saldo negativo em R$ 117,97 por hectare.

“O ponto de equilíbrio é a relação entre o custo total médio de Mato Grosso com a receita do produtor colhendo 51 sacas/ha. A variante desta relação é o preço, então o ponto de equilíbrio está entre os valores de R$ 43 e R$ 44 por cada saca. Desta forma se o produtor receber R$ 43/saca ele terá prejuízo e se receber R$ 44/saca terá um pequeno lucro”, explica o analista de Grãos do Imea, Ângelo Ozelame. Comercializações acima de R$ 45 mostram cenários de ganhos, ou seja, de rentabilidade, mesmo com o incremento dos custos de produção.

Os cenários apontados pelo Imea são perspectivas, pois não apenas o custo de produção pode ser aumentado durante o desenvolvimento das lavouras, seja pela dobradinha clima e condições fitossanitárias, como a produtividade pode responder para cima ou baixo, justamente em decorrência desses fatores externos. Quanto maior o rendimento por hectare, maior será a diluição dos custos e consequente, se ampliam ganhos. Do contrário, as perdas aumentam.

Contexto – O custo de produção da safra mato-grossense 2013/14 de soja foi estimado pelo Imea em R$ 2,34 mil/ha cifras 23% acima do investimento médio da safra passada, R$ 1,90 mil/ha e até 27% maiores se a comparação considerar a safra 2009/10, cujo desembolso ficou em cerca de R$ 1,84 mil/ha.

Maior prova de que o custo é alto e o preço da commodity baixo - nada atrativo ao produtor – vem do nível das vendas antecipadas. Das mais de 25,67 milhões t estimadas, apenas 38,5% estavam comercializadas até o mês passado, volume que comparado ao mesmo intervalo de 2012 se mostra 22,9 pontos percentuais menor, já que em setembro do ano passado 61,4% da produção estavam travados no mercado futuro e a preços cerca de 10% maiores que as médias atuais.

Mesmo abaixo do que se observou em 2012, o valor médio de R$ 49, alcançado pela saca em agosto deste ano, foi o maior desde abril, cuja média não passou de R$ 40. Os R$ 45, valor médio apontado de abril a agosto, considera preços de R$ 40 em abril, de R$ 41,87 em maio, de R$ 46,55 em junho, de R$ 47,23 em julho e de R$ 49,64 em agosto, que divididos por cinco meses, resulta em R$ 45, média para os 38,5% da produção que já foram vendidos pelo produtor.

Se a safra é a mais cara, existem duas projeções positivas e que podem contribuir para um saldo ‘azul’ ao final da safra. A produção esperada de 25,67 milhões t, recorde, supera em 8,5% a colheita anterior, 23,66 milhões t, o que se confirmada será quase duas vezes maior que a expansão espacial. Isso é um indicador de que o Estado, após dois ciclos seguidos de perdas de produtividade, recupera o rendimento, que se atingir 3.094 quilos/ha será o segundo maior desde 2007/08, conforme dados do Imea. Nos últimos sete ciclos, o recorde de produtividade se deu em 2010/11 com 3.208 kg/ha.

Fonte: Diário de Cuiabá

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