Publicado em: 14/11/2013 às 18:40hs
"O fundo do poço já passou, os 16 centavos (por libra-peso) não voltam mais", disse o sócio-diretor da Job Economia, Julio Borges, em entrevista à Reuters.
Ele atribui esse movimento ao crescimento constante da demanda global por açúcar, em torno de 3 a 4 milhões de toneladas ao ano, enquanto a redução dos estoques globais tende a reduzir seu peso sobre as cotações do produto no mercado internacional.
O excedente global de açúcar é visto em 4,45 milhões de toneladas em 2013/14, menos da metade do ciclo anterior, em meio à expectativa de consumo maior, segundo a consultoria Kingsman.
Os preços do açúcar atingiram mínimas de três anos em meados do ano, pressionados pela perspectiva de uma safra recorde no Brasil, mas voltaram a se recuperar, com o primeiro vencimento operando atualmente perto de 18 centavos de dólar por libra-peso.
Outro fator que limita quedas do preço do açúcar é o etanol, lembrou o consultor.
"Esta safra trouxe uma lição para o mundo: o Brasil não precisa vender açúcar barato, porque tem o etanol. Isso dá suporte ao preço externo", disse.
O centro-sul do Brasil, região que responde por 90 por cento da safra de cana do país, deve moer entre 50 e 60 milhões de toneladas a mais nesta temporada ante o ciclo anterior, mas praticamente todo este volume está sendo destinado à produção de etanol.
"Isto não é pouco. É duas vezes a safra australiana, terceiro maior exportador, e metade da safra tailandesa, segundo maior", disse Borges.
O consumo de etanol no Brasil cresceu na esteira do consumo maior de gasolina e pelo aumento da mistura do anidro à gasolina, alterada em maio deste ano.
As usinas do centro-sul moeram até o momento 510 milhões de toneladas de uma safra prevista em recorde de quase 590 milhões de toneladas, segundo acompanhamento da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica).
A produção de açúcar de açúcar é vista pela Unica em 34,20 milhões de toneladas, ligeiramente menor que o previsto inicialmente e praticamente estável ante o ciclo anterior. A estimativa para o etanol é de um salto de 17 por cento na produção, para 25 bilhões de litros.
SAFRA NOVA
Para a nova safra, o consultor reiterou sua estimativa de incremento de 300 mil hectares na área com cana, para 8 milhões de hectares, com uma disponibilidade da matéria-prima perto de 640 milhões de toneladas na safra 2014/15, conforme afirmou em entrevista recente à Reuters.
A moagem no novo ciclo (2014/15) é estimada em novo recorde de 617 milhões de toneladas, ante as 590 milhões de toneladas da atual temporada. Mas o aumento anual, segundo a consultoria, é mais modesto em relação ao crescimento verificado de 2012/13 para 2013/14.
Segundo ele, o crescimento da safra reflete os investimentos para renovação dos canaviais e o aumento esperado na produtividade, que deve voltar à marca de 80 toneladas por hectare, ante 79 toneladas do ciclo anterior e 73 toneladas de 2012/13.
A consultoria ainda não apontou estimativas para o mix de moagem, ou seja, o percentual de cana destinada à produção de etanol ou açúcar, ressaltando que esta decisão dependerá em grande parte dos preços relativos na temporada.
Como exemplo ele citou o cenário visto na atual temporada em que o etanol anidro --que é misturado à gasolinaremunerou mais no mercado interno se comparado ao valor equivalente em açúcar, entre abril e julho.
Fonte: Reuters
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