Publicado em: 20/03/2014 às 16:40hs
Em contrapartida, a volta das chuvas a partir de março também pode ser prejudicial ao ciclo da safra 2013/2014, se permanecer por longos períodos. Além disso, o grupo alimentos puxou a segunda prévia do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) do mês de março, calculado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), devido à forte aceleração nos valores das hortaliças.
O gerente-geral da Cooperativa Agropecuária de Ibiúna (Caisp), Gilberto Endo, afirma que os produtores de hortaliças da região chegaram a perder cerca de 50% da produção e a demanda vem sendo suprida com produtos adquiridos em outros estados, como Rio de Janeiro e Minas Gerais.
"As chuvas de janeiro e fevereiro não vieram e faltou água para o abastecimento dos reservatórios. Então, grande parte dos produtores não pôde plantar alface, por exemplo, porque não havia água suficiente para irrigação", diz o gerente. Segundo ele, com o retorno das chuvas em março, as mudas voltaram a ser plantadas mas a colheita só acontecerá a partir da segunda quinzena do mês de abril.
"No verão, a demanda de alface fica entre 700 e 800 caixas e no inverno cai para entre 400 e 500. Estamos com uma demanda de 800 caixas e vamos disponibilizar apenas 500, sendo que, em estoque, tínhamos apenas 100. Tivemos de comprar 400 caixas de outros estados", diz.
Na Cooperativa dos Cafeicultores da Região de Espirito Santo do Pinhal (Coopinhal), município distante 190 quilômetros da capital, os prejuízos giraram em torno de 20%. "É difícil estimar um valor exato, mas já presenciamos estragos nas lavouras, problemas na granação, e grãos sem castanha. Teremos um café miúdo porque não houve água suficiente para a formação do grão", avalia o técnico e agrônomo da Coopinhal, Celso Scanavachi.
De acordo com o especialista, são necessários, em média, de 450 a 500 litros de café cereja, para se obter uma saca de 60kg do grão para comércio. Neste ano, devem ser utilizados 700 litros de café cereja para formar a saca, por conta da má formação do produto.
"Além da seca, os cafeicultores enfrentam problemas com pragas como a broca, o bicho mineiro e o ácaro. Esta conjuntura de fatores estende os prejuízos até a safra de 2015. Se o clima voltasse ao normal a longo prazo, a planta demoraria de um a dois anos para restabelecer seu ciclo. Como isso não deve acontecer, podemos enfrentar problemas ainda maiores", comenta Scanavachi.
Para a consultora de desenvolvimento em mercados do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Estado de São Paulo (Sescoop/SP), Flávia Sarto de Oliveira, o que os produtores podem fazer "é aproveitar a alta dos preços para vender agora, já que as perspectivas são de chuvas demasiadas a partir de maio".
Inflação
A alta nos preços dos alimentos já atinge o consumidor final e impulsionou a inflação. Segundo a FGV, o grupo Alimentos do IGP-M foi puxado pelas hortaliças e legumes (+14,46%). Individualmente, o tomate subiu 35,91% e a batata-inglesa avançou 22,32%.
O economista-chefe da Ceagesp, Flávio Godas, diz que a demanda por hortaliças é grande, somada aos problemas climáticos, e desencadeou a alta nos preços. No caso da batata, ele explica que as chuvas de março atrapalharam a colheita e os preços do produto devem se normalizar.
Fonte: DCI
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