Preços Agropecuários

Avicultura vê preço maior do frango até o fim do ano

O preço do frango tem oscilado fortemente nos últimos dias e deve sofrer um aumento até o fim do ano por causa do descompasso entre oferta e demanda dos mercados interno e externo. A análise foi feita na quarta-feira pela União Brasileira de Avicultura (Ubabef) durante evento em São Paulo


Publicado em: 23/08/2013 às 11:10hs

Avicultura vê preço maior do frango até o fim do ano

Na terça-feira, o preço pago ao produtor paulista estava cotado a R$ 3,25, acumulando uma alta de 12,71% no mês. O efeito ainda não foi sentido para o consumidor, que pagou 1% menos que em julho pelos produtos avícolas, de acordo com o último IPCA-15.

Pelo lado da oferta, a entidade calcula que o setor avícola deverá produzir, entre janeiro e dezembro, cerca de 12,5 milhões de toneladas, volume abaixo das 12,645 milhões de toneladas produzidas no ano passado. O Diretor de Mercados da Ubabef, Ricardo Santin, explicou que a redução no volume produzido neste ano ainda é reflexo do elevado abate de matrizes de frango ocorrido no ano passado, quando a alta das commodities elevou os custos de produção e forçou o setor a aumentar os abates. Em 2012, foram abatidos 6,2 bilhões de aves.

Já pelo lado da demanda, a tendência é de aumento do consumo tanto no mercado interno como no exterior. Santin observa que é comum as vendas de carnes em geral aumentarem no segundo semestre, mas ele diz que os números até agora indicam que esta segunda metade do ano será melhor que o segundo semestre do ano passado. Em julho, as exportações de frango cresceram tanto em volume como em receita. O setor vendeu 339 mil toneladas para o exterior por US$ 678 milhões no mês, o que representou uma alta de 3,1% em toneladas e de 8,8% em dólares. O principal destino continua sendo o Oriente Médio, principalmente a Arábia Saudita, que recebe 18% das nossas exportações.

A avicultura também se beneficiará neste ano da abertura do mercado do México. Em julho, as autoridades mexicanas aceitaram as garantias sanitárias do Brasil, o que permitiu a importação de frangos brasileiros para abastecer o mercado interno, já que a produção mexicana está afetada pela gripe aviária que acometeu granjas mexicanas.

O país abriu uma cota para importar 300 mil toneladas sem a cobrança de impostos. Segundo o presidente da Ubabef, Francisco Turra, o Brasil tem capacidade para atender até 200 mil toneladas dessa cota, mas não deve chegar a esse volume. O primeiro embarque de frango brasileiro para o México foi feito ontem pela Seara.

Além disso, o setor acompanha a perspectiva otimista de outros segmentos da economia nacional com a valorização do dólar, que deve aumentar a competitividade do produto brasileiro. "As exportações estão se fortalecendo em volume com o novo padrão do dólar", afirmou Santin.

A Ubabef estima que o setor avícola brasileiro exportará 4 milhões de toneladas até o fim do ano, o que representa um aumento de 2,1% ante os 3,917 milhões de toneladas embarcados em 2012.

Somente para agosto, a entidade calcula que o País vai exportar entre 325 mil toneladas e 330 mil toneladas de frango in natura, alta de 15,9% ante o volume exportado em agosto do ano passado. Em receita, o resultado deve variar no mês entre US$ 620 milhões e US$ 630 milhões.

Apesar do descompasso entre demanda e oferta, Santin ressalta que "o frango não será o vilão da inflação" neste ano.