Publicado em: 10/11/2021 às 11:00hs
Em outubro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 1,25%, depois de ter subido 1,16% no mês anterior, alcançando a maior variação para o mês desde 2002 (1,31%).
A taxa acumulada em 12 meses passou com isso a 10,67%, de 10,25% em setembro, resultado mais forte desde janeiro de 2016 (+10,71%).
Os resultados divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ficaram acima das expectativas em pesquisa da Reuters e um avanço de 1,05% na base mensal e de 10,45% em 12 meses.
Com isso, a inflação segue firme para terminar o ano bem acima da meta, possivelmente na casa dos dois dígitos --a última vez que isso aconteceu foi em 2015 (10,67%). O objetivo oficial é de uma taxa medida pelo IPCA de 3,75%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
Os preços vêm sendo bastante influenciados este ano pela força do dólar, bem como crise hídrica e custos altos de insumos. As preocupações com uma inflação persistente já levaram o Banco Central a elevar a taxa básica de juros Selic a 7,75% até agora neste ano.
"O que tem contribuído para inflação dos últimos meses são os monitorados, como combustíveis, gás de botijão e energia elétrica, sendo que desde setembro temos escassez hídrica", explicou o gerente do IPCA, Pedro Kislanov.
O índice de difusão dos preços, segundo o IBGE, subiu a 67% em outubro, de 65% em setembro, indicando maior espalhamento da alta entre os grupos.
O mês de outubro foi marcado novamente pela pressão dos preços de Transportes, com alta de 2,62%, de 1,82% no mês anterior. Os maiores responsáveis por isso foram os combustíveis, cujos custos subiram 3,21%.
A gasolina subiu 3,10% em outubro e teve o maior impacto individual no índice do mês, marcando a sexta alta consecutiva. Com isso a gasolina acumula alta de 38,29% no ano e de 42,72% nos últimos 12 meses.
Também subiram os preços do óleo diesel (5,77%), do etanol (3,54%) e do gás veicular (0,84%).
"A alta da gasolina está relacionada aos reajustes sucessivos que têm sido aplicados no preço do combustível, nas refinarias, pela Petrobras", disse Kislanov.
Também se destacaram o aumento nos preços das passagens aéreas (33,86%) e do transporte por aplicativo (19,85%).
Também pesou com força no bolso do consumidor o aumento de 1,17% dos alimentos e bebidas, de alta de 1,02% em setembro. O resultado foi puxado por tomate (26,01%) e batata-inglesa (16,01%), devido à redução da oferta por questões climáticas, o que fez os custos da alimentação no domicílio subirem 1,32%.
A alta de 1,16% da energia elétrica levou o grupo Habitação a registrar avanço de 1,04% nos preços, embora esse item tenha desacelerado em relação à taxa de 6,47% de setembro. Em outubro, foi mantida a bandeira Escassez Hídrica.
A inflação de serviços também acelerou com força em outubro, para 1,04%, de 0,64% no mês anterior, conforme segue a retomada desse setor com a abertura da economia depois da pandemia de Covid-19.
Numa tentativa de debelar as crescentes pressões inflacionárias, o BC elevou a taxa básica de juros Selic em 1,5 ponto percentual no mês passado, indicando novo aumento da mesma magnitude na reunião de dezembro.
Para este ano, o BC enxerga inflação de 9,5%, indo a 4,1% no ano que vem. Já o mercado vê a alta do IPCA ao fim deste ano em 9,33%, indo a 4,63% em 2022, como mostra a mais recente pesquisa Focus realizada pelo BC junto a uma centena de economistas.
Fonte: Reuters
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