Publicado em: 02/09/2025 às 10:50hs
Os preços do açúcar cristal encerraram agosto em queda no mercado spot de São Paulo. Segundo dados do Cepea/Esalq (USP), entre os dias 25 e 29 de agosto, a média do indicador para o cristal cor Icumsa 130 a 180 foi de R$ 118,69 por saca de 50 kg, recuo de 1,56% em relação à semana anterior.
Pesquisadores apontam que a baixa foi motivada pela menor movimentação de compradores para pronta-entrega, resultando em uma liquidez 47% inferior à da semana anterior.
Apesar da retração nos preços, os números da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia) mostram robustez na produção. Na primeira quinzena de agosto, o Centro-Sul produziu 3,615 milhões de toneladas de açúcar, alta de 15,96% frente ao mesmo período de 2024. O mix de produção manteve-se majoritariamente açucareiro, com 55% da cana direcionada à fabricação de açúcar.
Na ICE Futures Europe, em Londres, os contratos futuros do açúcar branco registraram forte valorização, alcançando máximas de quase quatro meses.
O contrato com vencimento em outubro/25 subiu US$ 9,40 (1,9%), fechando a US$ 502,10 por tonelada, enquanto o de dezembro/25 avançou US$ 8,60 (1,8%), a US$ 486,30 por tonelada. Nas negociações intradiárias, a cotação chegou a US$ 503,90 por tonelada.
O movimento foi impulsionado por relatório da Organização Internacional do Açúcar (OIA), que projeta um déficit global de 231 mil toneladas na próxima temporada. Embora menor que o registrado em 2024/25 (4,88 milhões de toneladas), a estimativa reforça a preocupação com o sexto ano consecutivo de déficit no mercado mundial.
Após a pausa do Dia do Trabalho, que manteve as bolsas americanas fechadas, o açúcar bruto voltou a ser negociado em queda na ICE Futures US (Nova York).
O contrato para outubro/25 recuou 0,67%, cotado a 16,26 cents de dólar por libra-peso, enquanto o de março/26 caiu 0,53%, fechando a 16,92 cents/lbp.
Segundo analistas, a pressão vem da ampla oferta brasileira e da expectativa de entrada das safras da Índia e da Tailândia no último trimestre do ano, o que tende a ampliar a disponibilidade global.
No mercado de biocombustíveis, o etanol hidratado contrariou a tendência histórica de queda durante o pico da safra. O indicador Cepea/Esalq aponta que a média em agosto foi de R$ 2,6716 por litro, alta de 4,02% frente a julho. O etanol anidro também subiu 3,08%, para R$ 2,9713 por litro.
De acordo com o Cepea, o movimento foi sustentado por uma oferta reduzida de cana-de-açúcar, impactada por queimadas no ciclo anterior, clima seco e menor rendimento agrícola.
No Indicador Diário Paulínia, o etanol hidratado fechou o mês a R$ 2.884,00 por m³, alta de 0,79%.
Apesar da expansão da moagem no Brasil, fatores externos também moldam o mercado. O ATR (Açúcar Total Recuperável) do Centro-Sul segue abaixo da média histórica, o que pode limitar ganhos de eficiência.
Além disso, previsões meteorológicas da Vaisala indicam clima seco nos próximos 10 dias no Brasil, o que pode afetar a oferta de cana.
Já na Índia, o governo anunciou que permitirá, em 2025/26, a produção de etanol a partir de caldo de cana, xarope e diferentes tipos de melaço sem restrição de volume, medida que pode alterar o equilíbrio entre a produção de açúcar e biocombustíveis no país.
Fonte: Portal do Agronegócio
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