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Celeiro de contradições

A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) está organizando a participação do Brasil na Exposição Universal de Milão (Itália), de 1º de maio a 31 de outubro de 2015


Publicado em: 31/10/2013 às 17:50hs

Celeiro de contradições

Os ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e das Relações Exteriores também colaboram na missão.

A ideia é que o Brasil mostre durante os seis meses da exposição, com o tema "Alimentando o mundo com soluções", sua capacidade tecnológica para ampliar a produção de alimentos e atender às demandas mundiais de forma sustentável.

Os números são expressivos: em 50 anos (de 1960 a 2010), a produção brasileira de grãos passou de 17,2 milhões de toneladas para 150,8 milhões de toneladas. A área plantada, porém, passou de 22 milhões de hectares para 47,5 milhões de hectares. Ou seja, com apenas o dobro da área, o país produz quase nove vezes mais, graças ao avanço da tecnologia.

No entanto, o pavilhão brasileiro de 4 mil m², em Milão, estrategicamente localizado no espaço da feira, não exibirá os problemas e desafios ainda a serem superados pelo Brasil para se tornar, de fato, um dos mais importantes "celeiros" do mundo.

O grande produtor mundial de alimentos está quase sucumbindo com a deficiência em infraestrutura. Uma contradição e tanto, uma vez que a agricultura brasileira utiliza avançadas tecnologias que permitem o aumento da produtividade com cada vez menos recursos. A elevada produtividade "high tech" convive com rodovias esburacadas e portos lentos.

É bem verdade que o governo da presidente Dilma Rousseff vem enfrentando o nó da infraestrutura no Brasil, tentando avançar o marco regulatório nas diversas áreas, ampliando as concessões desses serviços para o setor privado, mas, junto com os acertos, os desacertos emperram os processos e atrasam os benefícios finais esperados.

Para se ter uma ideia do grau das necessidades de investimento na logística do agronegócio brasileiro, somente o Centro-Oeste demanda o equivalente a 8,7% do Produto Interno Bruto (PIB) da região em investimentos na melhoria e expansão dos transportes, até 2020, para dar conta do escoamento da produção agrícola regional, segundo estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Ou seja, cerca de R$ 36,4 bilhões, que, por outro lado, proporcionariam uma economia de cerca de R$ 7,2 bilhões para os produtores rurais, somente pela eliminação de dificuldades para fazer as safras de grãos saírem da região e chegarem aos portos para serem exportados.

Oxalá em um futuro próximo o Brasil possa comemorar, junto com as safras recordes de grãos, condições mais favoráveis de logística. E, assim, o "celeiro" do mundo seja menos contraditório.

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