Logística e Transporte

Transporte encarece alimentos e insumos agrícolas e pesa no bolso do consumidor

Frete representa até 15% do preço final e desafios logísticos pressionam custos


Publicado em: 18/08/2025 às 18:40hs

Transporte encarece alimentos e insumos agrícolas e pesa no bolso do consumidor

No Brasil, o custo do transporte vai muito além da distância percorrida: ele impacta diretamente o preço final dos alimentos e insumos agrícolas. Estimativas da Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontam que o transporte rodoviário, responsável por 62% do escoamento de cargas, pode representar até 15% do valor pago pelo consumidor. Variações no preço do diesel e a escassez de caminhões agravam a situação, afetando produtores e consumidores.

Custos logísticos atingem recorde

Segundo o Instituto Ilos, os custos logísticos no país alcançaram R$ 940 bilhões em 2025, alta de quase 7% em relação ao ano anterior. No transporte rodoviário, predominante no escoamento de safras, o aumento foi de 4,2%, com impacto direto no agronegócio, onde a concentração da colheita em poucos meses gera picos de demanda por frete.

Aumento expressivo no frete de grãos

A Conab registrou aumentos significativos nas tarifas de transporte de grãos:

  • Piauí: +39%
  • Maranhão: +26,8%
  • Paraná (ex.: Campo Mourão): +20%

Célio Martins, gerente de novos negócios da Transvias, ressalta que “o frete é um componente invisível ao consumidor, mas está embutido em tudo que chega ao supermercado. Rotas redundantes, cargas ociosas ou caminhões vazios somam custos que refletem no preço final”.

Infraestrutura precária amplia o problema

O transporte rodoviário, quase exclusivo no Brasil, ainda sofre com infraestrutura limitada. O custo de transportar uma tonelada de grãos até a China chega a US$ 110, enquanto nos Estados Unidos e Argentina fica entre US$ 56 e US$ 57. Segundo Martins, investir em modais alternativos e melhorar a eficiência do transporte rodoviário é essencial para reduzir o peso do frete.

Soluções para reduzir custos
  • Especialistas do setor apontam estratégias como:
  • Roteirização inteligente: evita viagens redundantes e reduz consumo de combustível.
  • Cargas fracionadas planejadas: otimizam o espaço nos veículos.

Estudos do Instituto de Transporte e Logística (ITL) indicam que essas práticas podem reduzir em até 20% o custo por tonelada transportada.

Políticas públicas e investimentos necessários

Programas como o Renovabio e iniciativas voltadas para transporte ferroviário e hidroviário são caminhos estratégicos para reduzir a dependência do transporte rodoviário. Martins reforça: “A solução para o custo do frete exige tecnologia, gestão eficiente e investimentos em infraestrutura. É um esforço conjunto de produtores, transportadores e governo”.

Desafio no campo

Para o agronegócio, o desafio permanece: colher bem, vender bem e garantir que o caminho entre a fazenda e o consumidor não pese tanto na conta final.

Fonte: Portal do Agronegócio

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