Publicado em: 23/09/2014 às 07:10hs
A eficácia e importância da cabotagem para desafogar os gargalos logísticos do Brasil foram consenso entre empresários do setor portuário e instituições ligadas ao setor presentes no “III Seminário de Logística – panorama e tendências para o transporte marítimo de cargas”, realizado pelo Tecon Salvador na última quarta-feira (17/09), no Hotel São Salvador (antigo Matiz), em Salvador. Por sua agilidade, segurança e sustentabilidade, o modal vem sendo cada vez mais consolidado como importante recurso para o desenvolvimento do país, tendo usuários em diversos segmentos da indústria e comércio.
Em sua terceira edição, o seminário reuniu cerca de 200 pessoas que acompanharam palestras de diferentes players, entre eles, os armadores Log-In Logística Intermodal, Aliança Navegação e Rickmers-Linie; instituições como a Associação Nacional dos Usuários do Transporte de Carga (ANUT) e Associação Brasileira de Operadores Logísticos (ABOL), além das empresas Alstom e Knauf.
Luis Henrique Baldez, presidente executivo da ANUT e um dos palestrantes do evento, ressaltou a necessidade de discutir e planejar melhor os investimentos na cadeia logística existente no Brasil. “Continuamos focando em um modal [rodoviário], que é importante, mas que a gente precisa diversificar”, alerta Baldez. Ele também salientou a importância da cabotagem e a necessidade de desburocratizar o processo. No Terminal de Contêiner de Salvador, uma parceria feita com os armadores do modal resultou na redução do tempo de retirada da carga em 61% no primeiro quadrimestre de 2014, em comparação com o mesmo período de 2013.
“A documentação da carga é feita antes mesmo de se concluir a operação no navio. Com isso, aceleramos o processo de emissão do booking, documento contendo as informações sobre a carga que permite a sua armazenagem e o agendamento para retirada do contêiner”, explica Patricia Iglesias, diretora comercial do Terminal de Contêineres de Salvador. Assim, a operação, que durava quatro dias e meio, passou a levar menos de dois dias neste ano.
A Knauf, indústria de drywall (material frágil e volumoso para o transporte) que iniciou operação este ano em Camaçari, Região Metropolitana de Salvador, destacou que a modalidade marítima veio como uma solução mais eficiente e econômica para a empresa. “Quando usamos transporte terrestre, temos uma avaria em torno de 10% a 12% na carga. Com a cabotagem, chegamos ao cliente com transtorno praticamente zero”, revela Fabrício Correa, coordenador de suprimentos da Knauf.
A eficiência da modalidade também foi mencionada pela Alstom, uma das responsáveis pela instalação do parque eólico em Brotas de Macaúbas, interior da Bahia. “Para uma carga sair do interior de São Paulo e chegar a Salvador, via terrestre, são necessários de 40 a 45 dias. Na cabotagem, isso cai para seis dias”, disse Sandro Almeida, responsável pela logística estratégica da Alstom no Brasil. Ele afirma ainda não ter que lidar com licenças, dificuldades com equipamentos e caminhões adequados para o transporte, além de não causar transtornos para o trânsito nas estradas e dentro das cidades.
O seminário contou ainda com a presença do presidente da Companhia de Docas do Estado da Bahia (CODEBA), José Muniz Rebouças, que mediou a sessão de debates entre os presentes. Para o executivo, estimular o debate entre os principais players do setor representa uma oportunidade de discutir as tendências e necessidades. “Eventos como este proporcionam um engajamento para a necessidade de olharmos o desenvolvimento do Estado da Bahia”, pontua Rebouças.
O presidente da ABOL (Associação Brasileira de Operadores Logísticos), Cesar Meireles, também contribuiu para o debate apresentando o conceito, ainda pouco utilizado, de “operadores logísticos” e sua importância na criação de soluções inteligentes para toda a cadeia, sempre integrado com o modal marítimo. “A entidade nasceu há dois anos com o objetivo de construir uma identidade para o operador logístico, definindo seu perfil, atribuições e atuação dentro do segmento de logística. Por isso buscamos construir um marco regulatório para consolidar nosso papel no desenvolvimento do setor”, revela Meireles.
Fonte: Comuniquese
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