Logística e Transporte

Nordeste pode perder R$ 16 bilhões por ano com tarifa de 50% dos EUA sobre exportações brasileiras, aponta Sudene

Impactos da tarifa americana sobre exportações do Nordeste


Publicado em: 11/07/2025 às 11:55hs

Nordeste pode perder R$ 16 bilhões por ano com tarifa de 50% dos EUA sobre exportações brasileiras, aponta Sudene

A imposição de uma tarifa de 50% pelo governo dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros pode causar uma perda anual de até R$ 16 bilhões para o Nordeste, conforme levantamento realizado pela Coordenação de Estudos, Pesquisas, Tecnologia e Inovação da Sudene. O estudo avaliou os efeitos dessa medida nos estados da região que mais exportam para o mercado americano, como Ceará, Bahia e Maranhão.

Exportações da região para os EUA em 2024

Até junho de 2024, o Nordeste exportou para os Estados Unidos cerca de US$ 1,58 bilhão (aproximadamente R$ 8,7 bilhões). O Ceará lidera como principal exportador, seguido por Bahia e Maranhão, que juntos representam 84,2% do total das vendas da região para o país norte-americano. Para o ano inteiro, a Sudene estima que os quatro estados mais exportadores — Bahia, Maranhão, Ceará e Pernambuco — devem totalizar cerca de US$ 2,5 bilhões em exportações, equivalentes a R$ 14 bilhões.

Repercussões econômicas para a região

Danilo Cabral, superintendente da Sudene, ressaltou que a decisão dos EUA não traz vencedores, apenas perdas para ambos os lados. “O Nordeste importa quase US$ 6 bilhões (R$ 33,5 bilhões) em produtos americanos em 2024. Pela regra da reciprocidade, os Estados Unidos têm mais a perder do que a ganhar com essa medida”, afirmou.

José Farias, coordenador da Sudene, reforçou que o aumento da tarifa pode impactar significativamente a economia regional, não só em termos de PIB e empregos, mas também na cadeia produtiva. “Os produtos exportados passam por uma extensa cadeia de atividades locais, mesmo os primários, como o cacau”, explicou.

Setores e produtos mais afetados

A pauta de exportação do Nordeste é bastante diversificada, abrangendo desde commodities até produtos industrializados. No Ceará, os principais itens são aço, frutas, pescados e calçados, com grande concentração em produtos de valor agregado médio, que podem perder competitividade diante da nova taxação.

Na Bahia, destacam-se o cacau, óleos, pneumáticos e frutas, com impactos expressivos em cacau (US$ 46 milhões) e pneumáticos (US$ 42 milhões). Já no Maranhão, as exportações concentram-se em pastas químicas e minérios, produtos que também podem ser afetados.

Consequências para pequenos agricultores e indústria

Segundo José Farias, o aumento das tarifas pode prejudicar pequenos agricultores e setores industriais, sobretudo nos estados com maior volume de exportações para os EUA. A pressão sobre os preços devido à tarifa adicional tende a levar compradores americanos a buscar fornecedores alternativos no mercado global, ampliando as perdas para a região.

Caso a tarifa de 50% seja mantida, o Nordeste brasileiro pode enfrentar uma redução significativa em suas exportações para os EUA, com efeitos negativos que vão além da queda no faturamento, atingindo empregos, atividades locais e a competitividade dos produtos da região. O cenário reforça a necessidade de monitoramento e estratégias para mitigar os impactos no comércio exterior regional.

Fonte: Portal do Agronegócio

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