Publicado em: 13/12/2013 às 15:20hs
Após o caos logístico pelo que o setor passou em 2013, que causou prejuízos estimados de até US$ 4 bilhões em função das dificuldades de escoamento da safra recorde de grãos, chegando a congestionar as estradas que levam aos portos do Sudeste, as empresas do agronegócio vislumbram uma situação melhor para 2014 e, especialmente, por volta de 2020. O presidente da subsidiária brasileira da trader norte-americana ADM, Valmor Shaffer, reunido com executivos de outras empresas no evento Agritendências 2014, realizado hoje em São Paulo, chegou a se declarar “tremendamente otimista” e afirmou acreditar que em cinco ou seis anos esses problemas estarão resolvidos.
“Este governo mostra boa vontade para avançar e dialogar, o que é positivo”, disse Shaffer em entrevista ao Sou Agro, acrescentando que isso é um progresso e que é a primeira vez que a empresa, desde meados dos anos 1990 no Brasil, presencia essa abertura por parte de um governo brasileiro.
Para facilitar o escoamento da safra de grãos produzidas no “norte” do País, ou seja, acima do paralelo 16, responsável, pelas estimativas dos especialistas, em 47% da produção de grãos do País, a ADM, assim como suas concorrentes Cargill e Bunge, investe em estrutura. A empresa inaugura no primeiro semestre de 2014 um terminal portuário em Barcarena, próximo a Belém (PA). Segundo Shaffer, que não quis revelar o valor do investimento, esse terminal terá capacidade final de escoamento de 6 milhões de toneladas de grãos. O outro terminal próprio da ADM, em Santos (SP), tem hoje capacidade para 6 milhões de toneladas, devendo chegar a 8 a 10 milhões de toneladas no futuro.
Mercado deve regular
“Quando o governo não interfere, a coisa anda”, declarou Cezário Ramalho da Silva, presidente da Sociedade Rural Brasileira e um dos debatedores do evento. Ramalho criticou a falta de regras claras, decisões com base em ideologia e a ingerência do governo em questões como as margens das empresas. “Quem é mais eficiente e moderno, ganha mais. É natural”, disse.
João Batista Cardoso, diretor-presidente da Renesco Consultoria em Agronegócio, concorda com Ramalho: “o mercado é que deve regular quanto se deve ganhar com a exploração de estradas, portos etc.”, pedindo mais previsibilidade para não assustar os investidores. “Falta marco regulatório, não dinheiro para investir”, afirmou.
Luís Cláudio Santos, diretor do Grupo CGG, é outro que endossou o coro de que a falta de previsibilidade, o imbróglio regulatório e a ingerência do governo em assuntos das empresas afugentam os investidores. Ele lembrou da carência de investimentos em hidrovias no Brasil, meio de transporte bastante utilizado para escoar a produção nos EUA. “Projetos estruturais e não eleitoreiros devem ser feitos pela iniciativa privada”, afirmou.
Tanto Santos quanto Arlindo Moura, presidente da Vanguarda Agro, comemoraram o novo modelo de concessão de rodovias (“quem constrói agora opera”) e o resultado da licitação para duplicação de trecho no Mato Grosso da BR 163. “Mesmo com um atraso de uns 20 anos, é uma ótima notícia”, afirmou Moura, após classificar a logística deficiente como “a nossa maior praga”, queixando-se de que nos últimos dez anos o custo da logística subiu 7,8% ao ano no Brasil. Assim, em comparação com rodovias esburacadas e filas intermináveis nos portos, até a ameaça da voraz lagarta Helicoverpa diminui.
Fonte: APPA
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