Publicado em: 13/08/2025 às 10:00hs
As importações de diesel pelo Brasil registraram crescimento de 38% em julho, na comparação com o mesmo mês de 2024, atingindo o maior volume desde dezembro de 2023. O aumento está relacionado ao maior consumo interno e à menor produção das refinarias nacionais, segundo especialistas.
Em julho, o Brasil importou cerca de 1,7 bilhão de litros de diesel. Deste total, quase 60% vieram da Rússia, 34% dos Estados Unidos e 9,5% da Índia, conforme dados governamentais compilados pela consultoria StoneX.
Bruno Cordeiro, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, destaca que "esse cenário de internalizações aquecidas do derivado fóssil pode refletir um balanço doméstico mais apertado". Ele também apontou uma redução na produção das refinarias brasileiras como um dos fatores que influenciaram essa alta.
O aumento das importações ocorreu antes da entrada em vigor do B15 em agosto, quando a mistura de biodiesel no diesel comercializado nos postos passou de 14% para 15%. Esse fator surpreendeu o mercado e deve impactar a dinâmica de consumo e oferta.
Apesar de julho não ter apresentado um cenário de preços favorável para compras externas, a importação aumentou em função da expectativa de maior consumo, especialmente pelo agronegócio, que demanda mais combustível no período de plantio.
Eduardo Oliveira de Melo, sócio-diretor da Raion Consultoria, explicou: "O crescimento se deu bem por conta da demanda, pois a janela de importação não estava tão favorável no mês de julho, por exemplo."
Um dos motivos para o volume elevado foi o aumento das importações de diesel dos Estados Unidos e da Índia, que subiram 145% em relação a julho do ano passado. Bruno Cordeiro aponta que isso pode estar ligado a uma antecipação dessas compras devido a preocupações com possíveis tarifas recíprocas entre Brasil e EUA.
No acumulado de janeiro a julho, o volume importado de diesel chegou a 9,68 bilhões de litros, alta de 17% na comparação com o mesmo período de 2024.
As importações de gasolina também registraram alta em julho, alcançando 239 milhões de litros, um aumento de 23% em relação ao mês anterior. Contudo, esse volume ainda representa queda de 10,9% na comparação anual.
Isabela Garcia, analista da StoneX, destacou que o aumento pode refletir um mercado interno mais pressionado, com alta nas vendas de gasolina C, que contém etanol anidro.
Entre janeiro e julho, o volume importado totalizou 1,4 bilhão de litros, redução de 11,8% em relação ao ano anterior.
Para os próximos meses, a expectativa é que as importações permaneçam em níveis inferiores ao ano passado, devido ao aumento da mistura de etanol anidro na gasolina, que passou de 27% para 30% em agosto.
Segundo Isabela Garcia, "essa medida melhora a competitividade da gasolina C frente ao etanol hidratado, reduzindo a exposição do mercado nacional à gasolina A importada."
Se a produção doméstica de gasolina continuar crescendo no ritmo observado no primeiro semestre (+4% ao ano), o balanço de oferta e demanda deverá ficar menos apertado, diminuindo a necessidade de importações.
Fonte: Portal do Agronegócio
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