Publicado em: 29/12/2025 às 10:00hs
A navegação fluvial na região Norte deixou de ser uma alternativa regional para se tornar um dos principais eixos logísticos do agronegócio nacional. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), os corredores hidroviários do Arco Norte movimentaram 49,7 milhões de toneladas de soja e milho entre janeiro e outubro de 2025.
Conectando as regiões produtoras do Centro-Oeste aos portos da Amazônia, a estrutura logística do Arco Norte vem transformando a dinâmica econômica do país. Segundo o Boletim Logístico da Conab (novembro de 2025), os portos nortistas responderam por 37,2% das exportações brasileiras de soja e 41,3% das de milho no acumulado de dez meses, confirmando a consolidação da rota como pilar da exportação de grãos.
Antes considerada apenas uma alternativa complementar aos portos do Sul e Sudeste, a região do Arco Norte tornou-se uma opção estratégica e mais eficiente em muitos fluxos de exportação.
O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, destacou o impacto estrutural dessa transformação.
“Os números provam que o Arco Norte deixou de ser uma promessa para se tornar uma realidade consolidada. Quando vemos que mais de 40% do milho e mais de um terço da soja do país saem pelos nossos rios, estamos falando de eficiência e competitividade”, afirmou.
O ministro reforçou que fortalecer as hidrovias é essencial para garantir que o produto brasileiro chegue mais rápido e com menor custo aos mercados internacionais.
O modelo logístico do Arco Norte baseia-se em um sistema multimodal robusto, que integra rodovias, terminais intermodais e navegação fluvial. As cargas chegam por caminhões até polos estratégicos como Miritituba/Itaituba (PA), Porto Velho (RO) e Caracaraí (RR), onde são transferidas para comboios de barcaças.
Dali, seguem pelos rios Tapajós, Madeira e Amazonas até os portos exportadores de Itacoatiara (AM), Santarém (PA) e Barcarena (PA). Essa integração permite reduzir custos logísticos, diminuir a dependência das longas rotas rodoviárias e encurtar o tempo de transporte até os mercados da Europa e Ásia.
O transporte fluvial, além disso, pode ser até 50% mais econômico que o rodoviário em longas distâncias, reforçando a eficiência da hidrovia como vetor competitivo do agronegócio.
Para o secretário nacional de Hidrovias e Navegação, Otto Burlier, o sucesso do modelo depende da previsibilidade da navegação e da gestão contínua dos rios.
“Estamos focados em garantir a manutenção contínua da navegabilidade através de contratos de longo prazo, saindo da lógica emergencial. Nosso trabalho é assegurar que essa engrenagem multimodal funcione o ano todo, garantindo segurança para o escoamento da safra e sustentabilidade para a matriz de transportes”, afirmou.
A Secretaria Nacional de Hidrovias atua em três frentes principais:
O governo federal substituiu ações pontuais por contratos plurianuais de manutenção. Entre os projetos em andamento, destacam-se os serviços de dragagem e sinalização nos rios Amazonas e Solimões, com investimentos superiores a R$ 370 milhões ao longo de cinco anos.
Paralelamente, o Fundo da Marinha Mercante (FMM) tem impulsionado a renovação da frota hidroviária nacional, com projetos para a construção de centenas de barcaças e dezenas de empurradores. Muitos desses equipamentos estão sendo fabricados em estaleiros do Amazonas, gerando empregos e fortalecendo a indústria naval regional.
Fonte: Portal do Agronegócio
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