Publicado em: 11/06/2025 às 09:00hs
A Estrada de Ferro Carajás (EFC), operada pela Vale, anunciou avanços importantes na adoção de combustíveis mais sustentáveis. A ferrovia vai ampliar o uso de biodiesel em suas 297 locomotivas e será a primeira no país a operar trens híbridos, combinando motores a diesel e bateria.
Atualmente, as locomotivas da Carajás utilizam cerca de 14% de biodiesel na mistura com diesel. Com a compra de 14 novas locomotivas da linha Evolution, feitas pela Wabtec Corporation, esse percentual vai subir para 25% a partir do próximo ano.
O diretor de operações da ferrovia, João Silva Junior, explica que testes de laboratório indicam a possibilidade de aumentar ainda mais essa mistura, para até 50% de biodiesel, mas os ensaios em operação real ainda serão realizados no segundo semestre deste ano para confirmar o limite ideal.
“O grande ponto era a preocupação com a perda de potência, mas os testes de bancada mostraram que não há problema. Agora vamos fazer o teste nos trilhos, com duração de cerca de seis meses”, explicou Silva Junior.
As novas locomotivas serão fabricadas na unidade da Wabtec em Contagem, Minas Gerais.
Além do aumento do biodiesel, a Carajás firmou um acordo com a Wabtec para introduzir trens híbridos no Brasil, uma inovação no setor ferroviário nacional.
Serão três locomotivas movidas a bateria acopladas às composições atuais, que funcionam a diesel. Essas baterias poderão ser recarregadas durante a frenagem dos trens, otimizando o uso de energia.
Atualmente, os trens de minério de ferro da Carajás têm 330 vagões divididos entre três locomotivas (uma para cada 110 vagões), e é nessas composições que as locomotivas híbridas serão integradas.
Segundo a Vale, a nova tecnologia permitirá uma economia anual de 25 milhões de litros de diesel, além de reduzir em 63 mil toneladas a emissão de carbono.
O diretor Silva Junior destacou que o objetivo é encontrar locomotivas a bateria com alta potência para substituir gradualmente as atuais máquinas diesel.
Embora a Vale já possua uma locomotiva elétrica de 2.000 HP utilizada para manobras desde 2022, para substituir completamente as três locomotivas diesel das composições seria necessário um número elevado (14 unidades), o que complicaria a manutenção.
“Por isso, acreditamos que a transição com o híbrido será importante, permitindo alternar entre energia da bateria e combustível conforme a necessidade, com foco em combustíveis mais limpos”, afirmou Silva Junior.
Com cerca de mil quilômetros de extensão, a ferrovia liga São Luís (MA) a Parauapebas (PA), passando por mais 26 municípios no Norte e Nordeste do Brasil.
Inaugurada em 1985 para transporte de cargas, a Carajás também atende passageiros desde 1986. No ano passado, registrou um recorde de 423 mil passageiros na rota, com viagem de 16 horas e 15 paradas, incluindo as estações principais de São Luís, Santa Inês, Açailândia, Marabá e Parauapebas.
Em 2024, a ferrovia transportou 176,47 milhões de toneladas de minério de ferro, 10,9 milhões de toneladas de grãos e 2,1 bilhões de litros de combustível.
A ampliação do uso de biodiesel e a inovação com trens híbridos reforçam o compromisso da Carajás com a sustentabilidade e a modernização do transporte ferroviário no Brasil.
Fonte: Portal do Agronegócio
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