Publicado em: 02/07/2025 às 12:30hs
A imposição de novas tarifas pelos Estados Unidos e o fortalecimento de políticas protecionistas no comércio internacional têm levado exportadores brasileiros a repensarem suas estratégias. O cenário de incertezas vem estimulando uma busca por novos mercados, especialmente na Europa e na Ásia.
Para Thiago Oliveira, CEO da Saygo — holding especializada em comércio exterior —, a diversificação é essencial:
“O momento exige agilidade e visão estratégica das empresas exportadoras. Aqueles que conseguirem diversificar mercados e agregar valor aos seus produtos sairão fortalecidos desse cenário desafiador.”
Blocos como a União Europeia e o Sudeste Asiático têm se mostrado destinos promissores para uma ampla gama de produtos brasileiros. Países como Vietnã, Indonésia e Índia vêm ampliando a demanda por commodities agrícolas, itens industrializados e soluções com foco em sustentabilidade.
Na Europa, produtos de maior valor agregado são os mais atrativos — como bebidas alcoólicas, autopeças e químicos —, reforçando a competitividade de empresas que investem em inovação e qualidade.
De acordo com o Comex Stat, em 2022 o Brasil exportou US$ 193 milhões em bebidas alcoólicas, sendo US$ 120 milhões em cervejas e US$ 20 milhões em cachaças. Marcas como Cachaça 51, Ypióca e Pitú já marcam presença em mercados exigentes, como Alemanha, Japão, Itália e Suíça.
O setor industrial também vem se beneficiando do regime de Drawback — que isenta ou suspende tributos sobre insumos importados utilizados em produtos destinados à exportação. Em 2023, essa política representou 25% das exportações brasileiras, com movimentação superior a US$ 75 bilhões.
Apesar do potencial, acessar mercados como o europeu requer mais do que competitividade: é preciso atender a exigências cada vez mais rígidas, principalmente em relação a padrões sanitários, ambientais e de rastreabilidade.
“Não basta apenas encontrar novos compradores. Os mercados mais promissores são também os mais criteriosos. É necessário repensar processos, adaptar portfólios e garantir conformidade regulatória para não perder espaço”, alerta Oliveira.
A possível reeleição de Donald Trump e o retorno de sua agenda protecionista também preocupam exportadores brasileiros. Setores como a siderurgia e o agronegócio já sentiram os efeitos de políticas de reciprocidade.
“As empresas precisam revisar contratos e buscar acordos comerciais mais favoráveis com parceiros que ofereçam estabilidade e previsibilidade”, reforça o CEO da Saygo.
Algumas empresas brasileiras já colhem os frutos da adaptação ao novo cenário global. Indústrias de autopeças e produtos químicos no interior de São Paulo, por exemplo, conseguiram reduzir até 18% nos custos de produção e expandir sua atuação na América Latina com o apoio do Drawback.
No setor de bebidas, o registro especial junto à Receita Federal tem sido um passo decisivo para regularizar e viabilizar as exportações.
“O registro especial assegura a conformidade legal e fiscal, o que é imprescindível para a credibilidade junto aos parceiros comerciais estrangeiros”, explica Oliveira.
Com o avanço das negociações bilaterais com países asiáticos e europeus, especialistas apontam que o uso de tecnologia, inteligência de dados e digitalização de processos logísticos são diferenciais fundamentais.
“Crescer de forma desorganizada é uma armadilha. A escalabilidade precisa ser construída com base em processos sólidos, visão estratégica e leitura constante do mercado global”, conclui o executivo.
Fonte: Portal do Agronegócio
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