Logística e Transporte

Exportações e consumo interno de café solúvel crescem no Brasil em 2025, mas alerta com taxação dos EUA preocupa setor

Volume exportado no primeiro semestre cresce 1,3%, e consumo doméstico avança 4,2%; eventual tarifa de 50% dos EUA pode afetar competitividade do produto brasileiro


Publicado em: 18/07/2025 às 20:00hs

Exportações e consumo interno de café solúvel crescem no Brasil em 2025, mas alerta com taxação dos EUA preocupa setor
Exportações crescem em volume e disparam em receita

As exportações brasileiras de café solúvel registraram crescimento no primeiro semestre de 2025. De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics), foram embarcadas 1,944 milhão de sacas de 60 kg, volume 1,3% superior ao mesmo período de 2024.

Em receita cambial, o avanço foi ainda mais expressivo: os embarques renderam US$ 586,925 milhões, valor 45,2% maior na comparação anual.

Estados Unidos lideram importações do café solúvel brasileiro

Entre os 81 países compradores do café solúvel brasileiro, os Estados Unidos seguem como principal destino, com 361.088 sacas importadas no primeiro semestre. Completam o ranking dos cinco maiores importadores:

  • Argentina: 193.298 sacas
  • Rússia: 138.492 sacas
  • Indonésia: 75.140 sacas
  • Peru: 74.069 sacas

Segundo Aguinaldo Lima, diretor de Relações Institucionais da Abics, o setor manteve bom desempenho nos seis primeiros meses do ano, mesmo diante da incerteza causada por declarações do presidente dos EUA, Donald Trump. “As indústrias brasileiras mantêm ritmo consistente de abastecimento global, consolidando o Brasil como líder na produção e exportação de café solúvel”, afirma.

Alerta: taxação de 50% pelos EUA pode ameaçar mercado

Apesar dos bons números, o setor acende o sinal de alerta com o anúncio de Trump, feito em 9 de julho, sobre a taxação de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto. A medida pode impactar diretamente o principal parceiro comercial do café solúvel nacional.

Atualmente, os EUA representam 19% do volume e da receita cambial das exportações brasileiras de café solúvel. O Brasil, por sua vez, é o segundo maior fornecedor do produto para o mercado norte-americano, com 24% de participação.

Fabio Sato, presidente da Abics, avalia que a medida pode comprometer a competitividade do café solúvel brasileiro nos Estados Unidos:

"Se a taxação for aplicada, perderemos espaço para concorrentes, especialmente o México, que continuará exportando sem tarifas. Outros fornecedores enfrentarão taxas entre 10% e 27%, o que ainda os torna mais competitivos que o Brasil nessa nova configuração.”

Consumo interno também registra crescimento

O mercado doméstico também mostrou evolução positiva. Segundo a Abics, os brasileiros consumiram 11,090 mil toneladas de café solúvel no primeiro semestre de 2025, o que corresponde a cerca de 480.578 sacas de 60 kg — um crescimento de 4,2% em relação ao mesmo período de 2024.

O destaque vai para o café solúvel do tipo freeze dried (liofilizado), que teve aumento de 18,7%, alcançando 1,557 mil toneladas. Já o spray dried (em pó) registrou crescimento de 2,5%. O consumo de cafés solúveis importados também avançou 23%.

Qualidade e economia impulsionam o consumo

Aguinaldo Lima destaca dois fatores principais para o crescimento no consumo interno: a melhoria na qualidade do produto e o custo mais acessível.

“O café solúvel oferece um custo por xícara mais baixo e dispensa o uso de filtros e equipamentos, o que representa economia importante para o consumidor, especialmente em tempos de inflação. Além disso, as indústrias seguem investindo em inovação e novos formatos de consumo, o que tem ampliado as possibilidades de preparo e o acesso ao produto”, finaliza.

Fonte: Portal do Agronegócio

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