Publicado em: 02/07/2025 às 11:15hs
O Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística de Minas Gerais (SETCEMG) manifestou forte preocupação com a decisão do governo federal de elevar a mistura obrigatória de biodiesel no diesel comercializado no Brasil de 14% para 15%, a partir de 1º de agosto de 2025. A medida, aprovada pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), foi anunciada durante a cerimônia “Combustível do Futuro Chegou: E30 e B15”, realizada no Ministério de Minas e Energia, mas desconsidera alertas e evidências técnicas apresentadas pelo setor de transporte rodoviário nos últimos meses.
Desde que a mistura foi aumentada para 14% em março de 2024, as empresas de transporte têm registrado problemas recorrentes, especialmente com o aumento significativo dos custos de manutenção. Um estudo da NTC&Logística aponta que o prazo para troca dos filtros de combustível foi reduzido pela metade, elevando os custos de manutenção em mais de 7% por veículo e impactando em mais de 0,5% o custo total das operações. Para uma frota com 100 veículos, esse aumento equivale, em um ano, ao valor de um caminhão novo.
Análises da Confederação Nacional do Transporte (CNT), contidas no documento “Estudos sobre o Biodiesel Brasileiro”, indicam que o biodiesel nacional apresenta instabilidades relevantes, incluindo contaminação já no momento da chegada às distribuidoras. Isso tem provocado obstrução de filtros, falhas mecânicas e elevação do risco de panes durante viagens, afetando diretamente a operação das frotas.
A situação é ainda mais preocupante em regiões de clima frio, especialmente no Sul do país, onde foram relatados casos de cristalização do combustível e congelamento de componentes. Esses episódios levaram à paralisação de veículos e representam um risco direto à segurança viária, conforme apontam transportadores e reportagens especializadas.
Estudos conduzidos pela Universidade de Brasília (UnB) e pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), citados pela CNT, indicam que o aumento do teor de biodiesel pode causar aumento do consumo específico de combustível e da emissão de gases de efeito estufa, como CO₂ e óxidos de nitrogênio (NOx), além de provocar perda de potência dos motores, afetando a eficiência dos veículos.
Do ponto de vista econômico, o aumento da mistura de biodiesel gera pressão sobre o mercado da soja, principal matéria-prima para sua produção no Brasil. A maior demanda pelo óleo de soja pode elevar os preços dos alimentos e intensificar o cenário inflacionário, gerando preocupações para toda a cadeia produtiva e para o consumidor final.
O posicionamento do SETCEMG está alinhado ao de outras entidades representativas do setor, como a NTC&Logística e a CNT, que têm se manifestado por meio de notas técnicas e estudos defendendo cautela diante de qualquer aumento no percentual de biodiesel. Frente à confirmação da medida, o SETCEMG reforça seu compromisso com a defesa dos interesses das empresas transportadoras e da segurança de todos que dependem do transporte rodoviário de cargas no país. A entidade continuará cobrando que futuras decisões sobre política de biocombustíveis sejam precedidas de estudos técnicos aprofundados, com participação efetiva dos setores diretamente afetados.
Fonte: Portal do Agronegócio
◄ Leia outras notícias