Publicado em: 18/09/2025 às 11:45hs
Um estudo recente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), lançado em 3 de setembro, identificou alternativas de mercado para os estados da Região Norte diante das tarifas impostas pelos Estados Unidos. Segundo o levantamento, Amazonas e Amapá destinam cerca de 10% de suas exportações aos EUA, com destaque para eletroeletrônicos, minérios, sorvetes e frutas processadas.
No Amazonas, produtos como ‘outras naftas’, dispensadores automáticos de papéis-moeda e motocicletas têm os EUA como compradores estratégicos. Já no Amapá, itens como sorvetes e frutas processadas apresentam mais de 50% das vendas externas direcionadas ao mercado norte-americano. Outros estados da região, como Acre, Rondônia, Pará e Tocantins, possuem menor dependência relativa – entre 3% e 5% –, mas exportam produtos sensíveis como madeira e castanha-da-Amazônia (TF Agroeconômica, ApexBrasil).
O estudo aponta que os estados da Região Norte podem reduzir a dependência do mercado norte-americano explorando oportunidades em outros continentes. Para o Amazonas, o levantamento indica mercados na América do Sul (Paraguai, Argentina), União Europeia (França, Espanha, Itália) e China, especialmente para autopeças, madeiras tropicais e castanha-da-Amazônia.
No Pará, os principais mercados alternativos incluem Ásia (Japão, Coreia do Sul), União Europeia (Alemanha, Espanha) e África (Guiné Equatorial, África do Sul), para produtos como ferro fundido bruto, madeiras tropicais e sucos. O Amapá pode direcionar exportações para Austrália, Países Baixos, Japão e Emirados Árabes Unidos, sobretudo de frutas processadas e sorvetes.
Acre, Rondônia e Roraima também têm oportunidades de diversificação. O Acre mira a União Europeia (Espanha, Itália, Portugal), Canadá e Austrália para madeira e castanha-da-Amazônia. Rondônia pode expandir vendas para União Europeia (Países Baixos, França), América do Norte (Canadá) e Ásia (Coreia do Sul, Malásia), com foco em madeiras compensadas, sebo de bovinos e madeiras tropicais perfiladas. Roraima tem potencial para Bélgica, Chile e África do Sul em distribuidores de adubos.
O estudo da ApexBrasil identificou 195 produtos brasileiros afetados pelas tarifas dos EUA, considerando o peso das exportações em cada estado. As tarifas, estabelecidas pela Ordem Executiva norte-americana EO 14323 em julho de 2025, afetam diretamente a competitividade de diversos produtos brasileiros.
Em 2024, os EUA foram responsáveis por 12% das exportações brasileiras, totalizando US$ 40,4 bilhões, reforçando a importância de alternativas de mercado para reduzir riscos e dependência.
O levantamento faz parte do esforço da ApexBrasil para apoiar empresas afetadas e integra o Plano Brasil Soberano, lançado pelo Governo Federal. O plano prevê medidas para proteger exportadores brasileiros, preservar empregos, incentivar investimentos em setores estratégicos e assegurar a continuidade do desenvolvimento econômico nacional.
Para Jorge Viana, presidente da ApexBrasil, o estudo é fundamental para identificar estados e setores mais expostos, permitindo ações concretas de diversificação. Gustavo Ribeiro, gerente de Inteligência de Mercado, reforça que a publicação fornece subsídios práticos para empresas e gestores públicos, promovendo decisões estratégicas diante de um cenário internacional de instabilidade comercial.
Fonte: Portal do Agronegócio
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