Publicado em: 14/08/2014 às 16:20hs
O dia começa cedo em Ipiranga do Norte, com o sol já quente na fazenda Esperança. Na hora marcada, os produtores convidados chegam e logo começam os trabalhos. Afinal, apesar da informalidade, a manhã é de muito trabalho.
Replicando uma metodologia de análise desenvolvida pelos franceses e adotada há mais de 60 anos pelos produtores rurais argentinos, a engenheira agrônoma Cristieny Paiva ajuda a coordenar a conversa, que começa com o proprietário da fazenda. Valcir Gheno Batista, que planta soja e milho em Ipiranga do Norte, conta como foi o início da propriedade: as condições iniciais de abertura da área, as dificuldades encontradas e os primeiros resultados.
“Isso é importante porque cria uma conexão entre todos os produtores participantes”, comenta Cristieny, que é supervisora de projetos da Associação de Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT). Nesse grupo de produtores, há nove participantes, que também plantam em municípios próximos a Ipiranga. O encontro da manhã de 13 de agosto foi o oitavo já realizado pela associação desde 2013, quando a metodologia foi levada para a região Norte do estado.
Depois que o histórico da propriedade é apresentado, Batista fala sobre o estágio atual. Cita a produção obtida com as culturas de soja e milho, apresenta os principais problemas enfrentados e as metas que estabeleceu para seu empreendimento. Surge então o momento em que o anfitrião se retira do grupo – a ideia é que os outros produtores analisem a situação da propriedade e identifiquem medidas que consideram adequadas. O grupo é dividido e, já na presença de Batista, apresentam e defendem suas propostas.
É dessa troca de informações, ideias, propostas, soluções, que surge o maior ganho: a possibilidade de aperfeiçoar as práticas de gestão desenvolvidas na fazenda. “Identificamos, por exemplo, que Alexsander Gheno, filho do proprietário, mantém um sistema de controle de custos de produção muito eficiente, e que pode ser replicado para ajudar outros produtores”, observa Cristieny.
A ideia é que Alexsander – e todos os demais participantes do grupo reunido em Ipiranga – façam parte do projeto Referência, uma iniciativa da Aprosoja-MT que realiza benchmarking de práticas de gestão rural desde 2007. Com isso, será possível terem uma análise comparativa de seus desempenhos produtivo e econômico.
O grupo de discussão reunido em Ipiranga do Norte contou com a presença de dois consultores argentinos, Sebastian Gavaldá e Valter Tossi – da empresa Globaltecno. Seu objetivo era implantar e disseminar a metodologia em algumas regiões do estado. “Vimos que já houve avanço no grupo. Os produtores estão mais preocupados com a gestão e estão levando para a prática uma série de aprendizados obtidos nas primeiras reuniões”, comenta Sebastian.
Como forma de complementar o intercâmbio, alguns dos produtores do grupo de discussão visitaram propriedades rurais na Argentina em abril passado. A meta foi comparar experiências e participar de rodadas de troca de informação com produtores do país vizinho.
Atualmente, além do grupo que se reuniu em Ipiranga do Norte, a Aprosoja-MT coordena mais um grupo que reúne produtores da região de Lucas do Rio Verde e Tapurah. A intenção, no entanto, é expandir a experiência para todas as regiões do estado.
Fonte: Aprosoja
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