Gestão

Técnicos do Banco Mundial visitam fazenda que utiliza práticas de ABC

Equipe que viajou por Goiás durante dois dias conheceu duas propriedades rurais que poderão participar do Projeto Agricultura de Baixo Carbono do SENAR


Publicado em: 06/09/2013 às 08:40hs

Técnicos do Banco Mundial visitam fazenda que utiliza práticas de ABC

Os técnicos do Banco Mundial visitaram a Agropecuária Topgen, em Amaralina, nesta quarta-feira (4/9), para conhecer uma área que já utiliza a integração lavoura-pecuária (ILP), uma das práticas previstas no Projeto Agricultura de Baixo Carbono (ABC). A atividade fez parte da programação organizada pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) ao longo desta semana para definir o plano operacional do ABC. No dia anterior, o grupo já havia sido apresentado à estrutura do SENAR e presenciado um treinamento sobre manejo de pastagens no município de Campo Limpo de Goiás.

A fazenda de 3.720 hectares tem foco na pecuária extensiva. O proprietário Rodrigo Nascimento precisou implementar a técnica para recuperar pastagens degradadas.  Segundo ele, a prática foi o caminho encontrado para reduzir os custos e produzir alimento de qualidade para os animais. A opção pela ILP se refletiu diretamente na lucratividade do negócio. “As técnicas sustentáveis são muito importantes, pois o produtor que fica mais eficiente tem uma produção maior em uma área menor, o que significa preservação sem abrir novas fronteiras agrícolas”, salienta. Mas para que o projeto realmente possa atrair o interesse dos produtores, o pecuarista alerta para a importância da difusão de conhecimentos e da capacitação. “Precisamos mudar a mentalidade do produtor. Não adianta só dar dinheiro, tem que ensinar. Nesse contexto, o papel do SENAR será muito relevante, pois a capacitação dos produtores é fundamental e isso precisa vir de cima para baixo”, ressalta.

Na opinião do especialista em Desenvolvimento Rural do Banco Mundial, David Tuchschneider, as visitas a campo permitiram que os técnicos da instituição conhecessem de perto a realidade da região e tivessem um contato mais próximo com as pessoas envolvidas no ABC. Ele explicou que algumas questões ainda precisam ser ajustadas dentro do projeto – como acesso a crédito, grupo alvo e pagamento dos serviços de assistência técnica –, mas o trabalho será facilitado depois da programação. “Pude sentir na carne as dificuldades enfrentadas pelos produtores brasileiros. Foi uma oportunidade única para mim. A maneira como a viagem foi estruturada ficou ótima, pois podemos verificar um curso do SENAR e visitar um dos estados que irão fazer parte do projeto”, declara.

A coordenadora de Projetos e Programas Nacionais do SENAR, Patrícia Machado, também reforça a relevância das atividades desenvolvidas em Goiás para a definição do ABC. Para ela, a experiência vai possibilitar, principalmente, a delimitação das metas e resultados que o projeto pretende atingir. “Às vezes as pessoas fazem um programa sem conhecer a realidade. Eles conseguiram ver exatamente como trabalhamos e até onde podemos ir. Isso permitirá construir o projeto de uma forma real e de maneira que possa ser cumprido. Eles ficaram muito satisfeitos com a nossa performance e o objetivo da missão foi completamente cumprido”, avalia.

Representante do Ministério da Agricultura no ABC, Sidney Medeiros, concorda e destaca que as atividades permitiram que os técnicos do Banco Mundial visualizassem in loco que o programa tem aplicabilidade e suas metas são atingíveis. Ele acredita ainda que a viagem mostrou algumas diferenças entre a agricultura norte-americana e a brasileira e trouxe novos conhecimentos para os participantes. “Alguns deles não são da área do agronegócio e os conceitos são diferentes nos Estados Unidos e no cerrado do Brasil. Além disso, eles tiveram a possibilidade de tirar as próprias dúvidas em relação ao projeto e conhecer os treinamentos do SENAR, uma entidade que já tem expertise na área. Não pretendemos fazer nada de novo. Vamos aproveitar um sistema que já existe e ampliá-lo, fazendo com que os produtores adotem ainda mais práticas sustentáveis”, explica.

A programação prossegue hoje e amanhã (6/9), quando ocorrem reuniões para discutir aquisições, gerenciamento financeiro e avaliação de impacto, além de revisar o plano de preparação do projeto.

Projeto ABC

Ação conjunta do SENAR, do Ministério da Agricultura e da Embrapa, o Projeto ABC pretende incentivar e difundir a adoção de práticas sustentáveis para a redução das emissões de gases de efeito estufa e sensibilizar o produtor para que ele invista na sua propriedade de forma a ter retorno econômico mantendo o meio ambiente preservado. O SENAR será responsável pela capacitação nas tecnologias, formação profissional e pela assessoria em campo, com recursos do Programa de Investimentos em Florestas (FIP, sigla em inglês) – via Banco Mundial –, que já encaminhou parte do recurso destinado à preparação do projeto.

O ABC vai atender nove estados do Bioma Cerrado (Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Maranhão, Bahia, Piauí, Minas Gerais e o Distrito Federal), num período de três anos, com a promoção de quatro processos tecnológicos: recuperação de pastagens degradadas, integração lavoura-pecuária-floresta, sistema de plantio direto e florestas plantadas.

O projeto prevê a realização de seminários de sensibilização e divulgação nos estados participantes, capacitação tecnológica de produtores e gerentes de propriedades e instrutores do SENAR e, ainda, treinamento dos técnicos que atuarão na assessoria em campo para os produtores. Ao todo, 900 propriedades serão atendidas nos projetos piloto a serem implementados em Minas Gerais, Goiás e Tocantins. Dessas, 90 estabelecimentos (10%) terão a obrigação de executar uma das tecnologias aprendidas e serão transformadas em cases de estudo e vitrines tecnológicas.

Fonte: Assessoria de Comunicação do SENAR

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