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Santa Catarina enfrenta crise com população descontrolada de javalis

Praga afeta plantações, cria risco à segurança e gera prejuízos econômicos


Publicado em: 08/09/2025 às 16:00hs

Santa Catarina enfrenta crise com população descontrolada de javalis

Desde 2010, os javalis se tornaram uma praga crescente em Santa Catarina, atacando propriedades rurais e destruindo lavouras em diversas regiões do estado, especialmente na Serra e no Meio-Oeste. Segundo José Zeferino Pedrozo, presidente da FAESC (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC) e do Senar/SC, os animais também representam perigo para pessoas devido à sua agressividade.

Entre 2019 e 2024, mais de 120 mil javalis foram abatidos, mas estima-se que atualmente mais de 200 mil animais ainda percorram 236 municípios catarinenses.

Áreas mais afetadas e hábitos dos javalis

A maior concentração de javalis ocorre no entorno de Lages, na Serra Catarinense, e no Parque Nacional das Araucárias, com 12.841 hectares entre Ponte Serrada e Passos Maia, no Meio-Oeste. Quando o alimento escasseia, os javalis migram para propriedades rurais de diversas regiões, atacando lavouras de milho, feijão, soja, trigo, pastagens, hortas, além de criatórios de aves e suínos. Em uma única noite, um bando pode destruir hectares de plantações.

Lei estadual permite manejo, mas abate é perigoso

A Lei nº 18.817/2023, sancionada pelo governador Jorginho Mello, autoriza o controle populacional do javali-europeu (Sus scrofa). Entretanto, muitos produtores evitam o abate direto devido à periculosidade da atividade e à complexidade burocrática, preferindo acionar a Polícia Militar Ambiental. Javalis podem atacar caçadores e cães de caça, tornando o manejo um desafio.

Características biológicas dificultam o controle

Os javalis em Santa Catarina são da espécie exótica invasora Sus scrofa, que se reproduz rapidamente. As fêmeas têm em média duas ninhadas por ano, com até oito filhotes cada. Os machos adultos pesam entre 150 e 200 kg e as fêmeas entre 50 e 100 kg. Vivem em bandos de até 50 indivíduos e podem cruzar com porcos domésticos, originando os chamados “javaporcos”, o que complica ainda mais o controle populacional.

Riscos sanitários e impacto na agroindústria

Além dos danos às lavouras, os javalis podem transmitir doenças graves, como peste suína africana (PSA), peste suína clássica (PSC) e febre aftosa, colocando em risco plantéis comerciais de suínos e a economia agroindustrial do estado. Santa Catarina, apesar de ocupar apenas 1,12% do território nacional, é o maior produtor e exportador de suínos do Brasil, segundo maior produtor de frangos e o terceiro de leite. Por isso, a praga ameaça não apenas produtores, mas toda a cadeia produtiva e a segurança sanitária do país.

Burocracia dificulta ações de controle

Uma audiência pública na Câmara dos Deputados discutiu recentemente o controle de javalis no Brasil. Entre os desafios apontados estão a dificuldade de obtenção de licenças, a demora na emissão de documentos como guias de tráfego e autorizações de caça, e a burocracia excessiva do sistema nacional. Apenas caçadores profissionais registrados e licenciados podem realizar o abate, mas o número de equipes é insuficiente diante da quantidade de animais.

Praga exige ação conjunta

Especialistas e autoridades alertam que o controle da população de javalis é uma prioridade que envolve toda a sociedade, não apenas o agronegócio. Medidas coordenadas entre produtores, órgãos ambientais e governo são essenciais para proteger a economia, a segurança sanitária e a integridade das pessoas no meio rural.

Fonte: Portal do Agronegócio

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