Gestão

Representatividade, Responsabilidades e Euforismo

Muitos me perguntam porque o discurso de manter o plantel de matrizes estável se há tantas notícias boas pra se comemorar


Publicado em: 14/08/2014 às 15:20hs

Representatividade, Responsabilidades e Euforismo

Muitos me perguntam porque o discurso de manter o plantel de matrizes estável se há tantas notícias boas pra se comemorar com abertura de mercados e uma enorme perda de leitões em vários Países devido a epidemia de diarréia suína. Embora sei que a população não vai diminuir e que a melhora na renda seja investida em consumo de proteína animal, acredito que o mercado mundial está sobre uma instabilidade para os próximos anos. Quando falo em manutenção de plantel é sabendo que a capacidade ociosa que todo produtor teve devido a última crise já está praticamente superada, a produtividade em épocas boas melhora muito e ainda o peso de abate aumenta, aumentando significativamente o volume de carne ofertado ao mercado.

Tivemos na última semana uma notícia muito impactante no setor devido a liberação pela Rússia de mais 90 plantas frigoríficas para a exportação àquele País e isso está deixando o mercado bem otimista para o Brasil. O problema é o conteúdo da matéria que diz o seguinte: O governo russo anunciou nesta quinta-feira (7/8) embargo à importação de produtos agrícolas oriundos de países do Ocidente contrários à anexação da região ucraniana de Crimeia por Moscou. A restrição vale por um ano para os Estados Unidos, União Europeia, Canadá, Austrália e Noruega. Devido as críticas recebidas sobre este posicionamento, já estão pensando em diminuir este tempo de embargo. Dessa forma, se nós aumentarmos nosso plantel contando com esta notícia e em um ano eles voltarem o comércio novamente a estes Países, teremos com toda a certeza a volta de uma nova crise ao setor. Vale lembrar do embargo ocorrido em 2004, quando perdemos aquele mercado e a crise assolou a suinocultura excluindo inúmeros produtores da atividade.

O problema todo destes altos e baixos é a falta de credibilidade que os produtores tem nas entidades que defendem seus interesses, pois, quando o momento é promissor como agora é cada um por si e todos estão só pensando em ampliar para recuperar os prejuízos o quanto antes e não atendem as orientações destas entidades. Nas dificuldades de crises a realidade é outra, jogam a responsabilidade de resolver o problema nestas entidades e querem que a varinha mágica faça "plim" e tudo será resolvido. Vejo que agora é o grande momento de colocarmos em prática o projeto de lei dos contratos de integração que regulamenta a interação entre produtor e empresa, pressionando também para que seja oficializado o preço mínimo para o suíno, buscado incansavelmente na crise e sem sucesso até agora. Ao conseguirmos esses dois pleitos podemos sim aumentar nossos plantéis, pois, os mesmos serão feitos com garantia de lucros para a nossa atividade, pela responsabilidade do governo e indústrias com o controle da produção e garantia de mercado.

Precisamos cada vez mais profissionalizar nossa gestão na propriedade, mas temos que ter profissionalismo nas nossas ações e agir com o cérebro e não com o bolso. Um grande professor disse em uma grave crise que o dinheiro acabou, agora precisamos usar o cérebro, mas eu digo "o dinheiro está chegando, precisamos usar o cérebro", automatizando as instalações e colocando mais qualidade de vida dentro de casa, valorizando quem trabalha arduamente 12 horas por dia. Gostaria que todos repensassem um pouco sobre a crise passada, suas reações ao ver seu capital se esvaindo e não tendo perspectivas de melhora, agarravam-se nas entidades e agora ignoram seus conselhos. Lembrem-se que a próxima crise virá e que se não estiverem junto nas entidades, estas poderão estar fragilizadas e não poder fazer a diferença como foi feito nesta crise passada, onde a qualquer hora as portas do governo estavam abertas para nos receber e colocar em prática os nossos pedidos para amenizar a crise. Pensem nisso, afinal, o mundo é redondo e ninguém sabe o que poderá acontecer na próxima volta.

Losivanio Luiz de Lorenzi - Presidente da ACCS