Publicado em: 06/11/2025 às 13:40hs
Uma pesquisa realizada pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp) com 263 produtores de 117 municípios revela um cenário de cautela e contenção de gastos para a safra 2025/26. O levantamento mostra que a maioria dos agricultores pretende manter ou reduzir o nível de produção e tecnologia empregada, refletindo o impacto dos altos custos de produção, juros elevados e dificuldade de acesso ao crédito rural.
De acordo com o estudo, 53,4% dos entrevistados não planejam investir na próxima safra — percentual que ultrapassa 70% entre produtores de grãos e de cana-de-açúcar. O cenário, no entanto, é mais otimista em outros segmentos: 72,7% dos cafeicultores e 88,9% dos avicultores pretendem investir, principalmente em infraestrutura e aquisição de equipamentos.
Quando o assunto é expansão de área de plantio, 63,4% dos produtores afirmam que devem manter a mesma área cultivada da safra anterior. A retração é mais expressiva entre os produtores de grãos (28,3%), enquanto 35,1% dos horticultores e 25% dos cafeicultores pretendem ampliar a área cultivada.
Na atividade canavieira, o movimento é de estabilidade: 76,7% dos entrevistados planejam manter o mesmo nível de plantio e 16,3% devem reduzir a área.
A pesquisa da Faesp também aponta uma redução no uso de tecnologia e insumos agrícolas. Para 57,9% dos entrevistados, não haverá aumento na aplicação de tecnologia em relação à safra anterior, enquanto 28,3% dos produtores de grãos e 25,6% dos canavicultores pretendem diminuir o pacote tecnológico adotado, em razão da queda nas margens de lucro e do custo elevado de produção.
O estudo mostra que, embora 63,8% dos produtores estejam sem dívidas da safra anterior, 36,2% ainda possuem débitos, principalmente (79,8%) com instituições financeiras.
O crédito rural segue como um dos principais gargalos do setor, e mais da metade dos produtores aponta as taxas de juros elevadas e a baixa rentabilidade das atividades agrícolas como os principais obstáculos para contratar financiamentos.
Entre as maiores preocupações dos agricultores, estão:
Segundo a Faesp, o cenário reflete o atual desempenho do Plano Safra 2025/26, que apresenta juros maiores e dependência de recursos livres, o que resulta em menor demanda por financiamentos no campo.
A pesquisa revela que 52,3% dos produtores demonstram interesse em contratar seguro rural para a próxima safra. No entanto, o custo elevado dos prêmios, a baixa cobertura e a falta de políticas de incentivo ainda limitam a adesão ao serviço.
Os setores de grãos, hortifrúti e florestas plantadas são os que menos buscam o seguro rural, o que, segundo a Faesp, demonstra a insatisfação dos produtores com as condições oferecidas atualmente.
De acordo com a análise da Faesp, as decisões de plantio dos produtores paulistas estão sendo influenciadas mais pelos custos financeiros do que por fatores externos, como o chamado “tarifaço” no comércio internacional.
O levantamento conclui que a safra 2025/26 será marcada por uma postura conservadora, com foco na manutenção das atividades e controle de custos, diante de crédito escasso, juros elevados e margens de lucro comprimidas.
A prioridade dos produtores deve ser preservar a viabilidade econômica das propriedades, adiando investimentos e expansões até que o cenário econômico se torne mais favorável.
Fonte: Portal do Agronegócio
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