Gestão

Os desafios da gestão no agronegócio

Pecuaristas debateram os desafios da liderança e da gestão do agronegócio, durante a Feicorte 2013


Publicado em: 21/06/2013 às 17:40hs

Os desafios da gestão no agronegócio

Encontro durante a Feicorte debateu a necessidade da formação de lideranças e de uma boa organização da cadeia para que o setor continue crescendo.

Maior exportador do mundo de carne bovina, líder na produção mundial de laranjas e segundo colocado nas exportações mundiais de soja, o Brasil é sem dúvidas uma das potências do agronegócio. Mas não basta só aumentar a produção e viabilizar as exportações.

Para continuar na dianteira do mercado internacional, conceber um projeto de liderança para o longo prazo faz parte dos atuais desafios do campo verde e amarelo. Para discutir essa questão, empresários, pecuaristas e produtores rurais se reuniram nesta quarta-feira (19), no pavilhão da Feicorte, em São Paulo, para o simpósio Encontro de Líderes: governança para programas de fidelidade.

Nem o jogo entre Brasil e México, pela Copa das Confederações, foi capaz de desviar a atenção dos participantes do evento. “Neste debate, é de fundamental importância estimular a construção de ideais e a formação de lideranças entre os jovens”, ressaltou Cesário Ramalho, presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB) durante a abertura do encontro.

Para o ex-secretário de Agricultura e Planejamento do Estado de São Paulo e vice-presidente do grupo Marfrig, João Sampaio, o Brasil de hoje, produtivo, desenvolvido e rico, “é fruto do que foi feito lá atrás pelas lideranças rurais”.

Apesar disso, ele ressaltou os desafios que o País tem pela frente, especialmente no que tange ao diálogo entre governo e produtores rurais. “O governo federal não nos ouve”. E aproveitou para lembrar da força que as manifestações que estão acontecendo nas ruas podem ter para ajudar a transformar o País. “Os produtores poderiam estar nas ruas com as manifestações também; temos uma lista imensa de reivindicações”.

Por isso, Sampaio acredita que o papel das novas lideranças do agronegócio será a de cobrar mudanças para o setor e ampliar sua participação na história do País, “para que voltemos a ser respeitados novamente. Temos que acreditar que é possível exercer essa liderança e assim termos condições de seguir em frente, produzindo e ajudando o Brasil a crescer”.

Francisco Villa, consultor em agronegócio, concorda com Sampaio e acredita que é preciso haver maior cooperação na cadeia produtiva para que avanços aconteçam tanto do ponto de vista produtivo, quanto do ponto de vista de lideranças e governança dentro do segmento. “A demanda por alimentos vai continuar crescendo. O desafio da porteira para dentro é seguir com as boas práticas de produção e gestão”. Ele revela que o modelo de negócio do futuro será pautado pelo consumidor. “Ele é quem manda”, diz.

Certificação e rastreabilidade

Um bom exemplo dessa mudança nas relações de consumo está no grupo Pão de Açúcar, que desde 2008 desenvolve o projeto Qualidade Desde a Origem. Trata-se de um trabalho cuidadoso de controle de qualidade, certificação e rastreabilidade dos produtos comercializados pelas lojas do grupo, desde a fazenda, até chegar às gôndolas do supermercado.

“O mundo já está pedindo alternativas de consumo e o consumidor se preocupa mais com a origem do que compra”, explica Vagner Giomo, gerente de desenvolvimento de produto do grupo. Segundo ele, ainda hoje, são poucas as empresas que fazem esse trabalho rigoroso de seleção dos fornecedores e trabalha com eles direto nas propriedades rurais, “a fim de construir uma cadeia de valor”.

Gestão de sucesso


Quem também desenvolve um trabalho de sucesso junto à cadeia produtiva é Valdomiro Poliselli, fundador do grupo VPJ Agropecuária. Criador de bovinos da raça Angus, há seis anos ele desenvolve um trabalho de cruza e seleção genética dos animais a fim de oferecer ao mercado produtos de melhor qualidade.

Para tanto, criou uma cadeia que agrega mais de 60 produtores da raça em um trabalho de seleção genética que resulta em uma carne de melhor e com maior sabor. “Também temos um trabalho de certificação com os frigoríficos credenciados”, revela o empresário, que faz o abate dos animais em 10 plantas divididas entre as regiões Centro-Oeste e Sudeste.

Além disso, Poliselli mantém uma frota própria de veículos para fazer o transporte das carnes até o varejo. “Percebemos que se quiséssemos garantir a qualidade total dos nossos produtos, teríamos que cuidar da cadeia do início ao fim e é o que estamos fazendo”, explica.

Atualmente a VPJ comercializa seus produtos para algumas das principais varejistas do país e restaurantes renomados. Mas o empresário também mantém uma rede de três lojas próprias para comercializar a carne bovina, além de uma linha de carne ovina e de suínos. “Nossa meta é começar a expandir com franqueados no próximo ano”, revela.

Um outro negócio que resultou do trabalho de verticalização da cadeia foi a criação de uma hamburgueria e do projeto de um trailer-lanchonete itinerante, que leva o produto a vários locais do país. “Queremos vender franquias do trailer a partir de 2014”, prevê o empresário, que se tornou uma das referências quando se trata de gestão na pecuária brasileira.

Fonte: Sou Agro

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