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O agronegócio cresce e as famílias prosperam, mas têm desafios

As famílias brasileiras são um dos grandes pilares do agronegócio no país


Publicado em: 03/08/2018 às 13:20hs

O agronegócio cresce e as famílias prosperam, mas têm desafios

São elas que respondem por grande parte da produção agrícola e pecuária do Brasil. A força econômica da região Sul está diretamente ligada às empresas familiares do setor, que lutam diariamente para superar os desafios de cada ciclo e contribuem para o Brasil ser o grande produtor e exportador de diversas culturas.

Apesar da ausência de dados voltados especificamente para a realidade das empresas familiares no agronegócio brasileiro, as evidências e a nossa experiência sugerem que elas, independentemente da área de atuação, têm preocupações e desejos similares.

A 8ª edição da Pesquisa sobre Empresas Familiares da PwC analisou 2.800 negócios familiares em 50 países (o Brasil representa 5% do universo pesquisado) e revelou aspectos importantes para o crescimento deles no agro brasileiro.

O processo de sucessão é um deles. Apenas 19% das empesas (15% no mundo) têm um plano para essa etapa. A boa notícia é que esse percentual quase dobrou em relação a 2014, quando era de 11%. De todo modo, os números ainda são baixos. Talvez esse fato justifique por que apenas 12% das companhias familiares chegam até a quarta geração e somente 3% vão além, segundo a National Bureau of Economic Research Family Business Alliance.

É comum que a sucessão seja discutida somente após o falecimento do patriarca ou da matriarca. A história da família se mistura à da fazenda, ao amor pela terra e pelo negócio. A abordagem em um momento como esse é muito mais complexa do que se fosse feita antecipadamente.

Um plano de sucessão deve ser encarado como continuidade dos negócios e tem duas grandes dimensões: a propriedade e a gestão. Apenas um terço das empresas familiares brasileiras planeja passar o controle de ambos para a próxima geração, enquanto 40% pretendem transferir a propriedade, mas não a gestão, para próxima geração.

Nesse caso, será necessário contratar gestores externos qualificados e estabelecer regras de governança claras. Existem também, em menor porcentagem, empresas familiares que consideram como uma grande oportunidade a transferência da propriedade da família para terceiros. No agronegócio brasileiro, tem sido muito comum o interesse de multinacionais e fundos de investimentos em adquirir participações acionários de negócios familiares.

Independentemente da pretensão da família no plano de sucessão, é importante contar com os instrumentos de governança, pensar em como lidar com as diferentes gerações, como fazer a distribuição do patrimônio e não esquecer do planejamento tributário ao longo do processo. Somente desta forma, a história, a identidade e a cultura do negócio familiar serão mantidos ao longo do tempo e passados de geração em geração.

Adriano Machado é sócio da PwC Brasil e especialista em agronegócio.

Fonte: Portal Paraná Cooperativo

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