Publicado em: 19/08/2021 às 13:00hs
Na Amazônia legal, a agropecuária demite trabalhadores ao mesmo tempo em que aumenta a área destinada a pastagens e cultivos. É o que revela um novo estudo, conduzido por pesquisadores do projeto Amazônia 2030. O trabalho mostra que entre 2012 e 2019, a agropecuária na região perdeu cerca de 322 mil postos de trabalho: uma queda de 16%. O desempenho contrasta com o cenário geral da região onde, no mesmo período, foram criados mais de 500 mil empregos (um crescimento de 5% em sete anos.)
As conclusões foram sintetizadas no relatório "Dinamismo Recente do Emprego na Amazônia Legal - Agropecuária". O documento é o primeiro de uma série, ainda em preparação, destinada a examinar como se comportaram os empregos e os salários na Amazônia - quais ocupações empregaram mais, e quais mais demitiram - durante o período analisado. A pesquisa é liderada pelo economista Gustavo Gonzaga, da Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-Rio)
Para avaliar o dinamismo do mercado de trabalho na Amazônia, os pesquisadores analisaram dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PNAD contínua). Os números se referem a um cenário econômico que precede a crise deflagrada pelo novo coronavírus.
Nos sete anos examinados pela equipe, enquanto os postos de trabalho na agropecuária minguavam, a área ocupada pela atividade cresceu: um aumento de 8,4%, de acordo com dados do MapBiomas. No mesmo período, a região registrou recordes de desmatamento: nos anos analisados, a área desmatada aumentou significativamente de 4.571 km2 para 10.129 km2.
A agropecuária envolve um conjunto de atividades que incluem agricultores com diferentes níveis de qualificação, pecuaristas e extrativistas florestais.
Hoje, o setor está entre os que mais ocupam pessoas na Amazônia: 1,7 milhão de trabalhadores, ou 15,9% das pessoas ocupadas. Mas faz uma curva descendente.
Segundo o relatório, a maioria dos ocupados - 81% - é de trabalhadores informais. Além disso, os salários são baixos. Em 2019, o trabalhador do setor recebeu, em média, R﹩829,00 mensais. Menos da metade da média para a Amazônia Legal, de R﹩1692,00.
Os números mostram ainda que, nos sete anos analisados:
O projeto Amazônia 2030 é uma iniciativa conduzida por pesquisadores brasileiros para desenvolver um plano de ações para a Amazônia. Seu objetivo é apontar caminhos para que a região dê um salto de desenvolvimento econômico e humano, mantendo a floresta em pé, nos próximos dez anos.
O projeto é uma iniciativa do Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) e do Centro de Empreendedorismo da Amazônia, ambos situados em Belém, com a Climate Policy Initiative (CPI) e o Departamento de Economia da PUC-Rio, localizados no Rio de Janeiro.
Começando em 2020, e seguindo até meados de 2022, os cientistas do projeto vão publicar relatórios e estudos baseados na melhor evidência sobre a Amazônia brasileira. Conhecimento produzido na academia e aliado às experiências dos povos da floresta, empresários, empreendedores e agentes públicos. Esses documentos reunirão recomendações práticas, que poderão ser aplicadas por agentes privados e públicos.
Fonte: Amazonia 230
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