Publicado em: 03/04/2019 às 14:40hs
Oportunidade de mercado, diversificação do risco, economia de escala, sazonalidade e concorrência. Pensar em internacionalização de negócios requer uma profunda análise sobre o modelo atual e sobre o papel que quer exercer em um mercado global e, sobretudo, entender que a ação é seguida de riscos que devem ser antecipados para que a estratégia não tenha efeitos contrários.
O tema será um dos tópicos dos painéis, focados na excelência da gestão do ‘Agronegócio Café’, discutidos no Encontro de Gestão de Cafeicultores - Encoffee, que será realizado nos dias 2 e 3 de abril, no Center Convention, em Uberlândia, Minas Gerais. De acordo com o CEO da Ipanema Agrícola, Washington Rodrigues, a internacionalização é uma oportunidade de adquirir mercados consumidores ainda não explorados, mas para galgá-lo exige uma série de fatores a ser seguido. “Tudo dependerá da escala do produtor. Os custos de exportação, hedge, formalização de contratos e atendimento de demandas fazem com que seja muito difícil que isso seja obtido em vários mercados ao mesmo tempo. Além disso, todo negócio traz benefícios e riscos e com a internacionalização não é diferente. A presença física em mercados novos pode auxiliar no sentido de poder prover educação, informação e fácil acesso ao produto. Cabe avaliar se isso não gera a dificuldade de estabelecer a parceria com um player local. Os riscos maiores são os custos estruturais para essa presença, além da tendência de afastamento de players locais por entenderam a presença como competição”, explica Rodrigues, que estará presente no Encoffee atento ao painel para decidir sobre os rumos que a empresa dará em relação à exportação.
Brasil é primeiro no ranking em exportação de café
Além de maior produtor mundial, o Brasil é também o maior exportador e o segundo maior consumidor de café, mas nem sempre foi assim. O produtor rural Walber Machado de Oliveira, da Fazenda Santa Rita, conta que desde a década de 1990 muitos esforços têm sido envidados pelos produtores e demais membros da cadeia produtiva no sentido de mudar a imagem do Brasil, antigamente associada à baixa qualidade. "Esses esforços têm trazido resultados concretos, materializados no crescimento do mercado de cafés especiais, inclusive no mercado interno. Acredito que o Ministério das Relações Exteriores - Itamaraty teria que ter um envolvimento muito mais direto com o setor cafeeiro, em particular, e com o setor agrícola, em geral. Afinal, uma de suas funções precípuas deveria ser promover os produtos do Brasil mundo afora”, afirma. Oliveira comenta ainda que pelo fato de o país passar por um período adverso de crise de preços, é natural que os produtores procurem saídas na tão propalada "agregação de valor" ao café. “As iniciativas nesse sentido - certificações internacionais, verticalização da produção, exportação direta - talvez não estejam sendo suficientes para viabilizar as propriedades cafeeiras em termos econômicos. Eventos como o Encoffee podem nos ajudar a encontrar soluções para estes gargalos ainda existentes”, avalia.
Fonte: Encoffee - Encontro de Gestão de Cafeicultores
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