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M&A no agronegócio brasileiro dispara com US$ 76 bilhões globais e destaque para Agtech

Setor agro registra crescimento expressivo em transações estratégicas, enquanto startups de tecnologia rural entram pela primeira vez no top 10 de investimentos na América Latina


Publicado em: 09/10/2025 às 16:30hs

M&A no agronegócio brasileiro dispara com US$ 76 bilhões globais e destaque para Agtech
Foto: Freepik
Fusões e aquisições no agro ganham força global

O mercado de Fusões e Aquisições (M&A) no setor agropecuário atingiu US$ 76 bilhões em transações globais em 2024, com 977 operações registradas em todo o mundo, segundo a GlobalData. O crescimento reflete a busca por consolidação, verticalização e inovação tecnológica em um setor que mantém produção constante e forte demanda internacional.

Dados da Capstone Partners indicam que o rendimento bruto da agricultura mundial deve alcançar US$ 4,8 trilhões em 2025, com os Estados Unidos respondendo por US$ 587 bilhões desse total.

Cenário brasileiro impulsiona investimentos estratégicos

No Brasil, o agro continua sendo uma âncora econômica e atrai capital nacional e estrangeiro. Entre janeiro e maio de 2025, foram registradas 596 operações de M&A, alta de 15% em relação ao mesmo período de 2024, segundo a PwC Brasil.

O segmento agropecuário, especificamente, registrou 12 transações em 2024, o melhor desempenho dos últimos cinco anos, com crescimento de 140% em relação a 2023, de acordo com a KPMG. No primeiro semestre de 2025, foram cinco operações, queda de 28,6% frente ao mesmo período de 2024, evidenciando a sensibilidade do mercado a fatores conjunturais.

Setor de fertilizantes e grandes negócios em destaque

O segmento de fertilizantes liderou as operações em 2024, com nove transações, sendo cinco nacionais, três envolvendo estrangeiros adquirindo empresas brasileiras, três de brasileiros comprando ativos internacionais e uma entre dois grupos estrangeiros.

Entre os negócios mais relevantes, destacam-se:

  • JBS adquiriu 50% da Mantiqueira Brasil, produtora de ovos, em operação avaliada em R$ 1,9 bilhão (janeiro de 2025).
  • Grupo Safras, especializado em grãos e etanol, passou a ser controlado por um fundo da AM Agro (julho de 2025).

Segundo Ronaldo Rodrigues, senior associate da Zaxo Group, o agro brasileiro oferece valores atrativos e retornos robustos a médio e longo prazo, mesmo em períodos de instabilidade econômica.

Agtech entra no top 10 de investimentos na América Latina

Em 2024, o setor de Agtech entrou pela primeira vez no ranking das dez principais verticais de tecnologia da América Latina, ocupando a oitava posição. Segundo a LAVCA, foram US$ 119 milhões investidos, com 37 rodadas de aporte, representando 2,6% do total de recursos na região.

O crescimento reflete o interesse por tecnologias como:

  • Agricultura de precisão
  • Internet das Coisas (IoT) no campo
  • Inteligência artificial para manejo de safras
  • Automação de processos

O destaque de Agtech demonstra o papel do agronegócio como motor econômico e vetor de inovação, alinhando produtividade, sustentabilidade e eficiência, fatores que atraem investidores estratégicos.

Estratégias de M&A aproveitam períodos de instabilidade

A análise da Zaxo Group, baseada em estudo de Rodrigues, mostra que a volatilidade macroeconômica pode ser transformada em vantagem estratégica:

  • Em momentos de instabilidade, o valor médio das aquisições cai 6,7%.
  • Ativos com alto potencial de crescimento perdem menos de 1% de valor, criando oportunidades competitivas.
  • Cada 1% adicional em growth options pode aumentar o valor do negócio em até 16%, chegando a 19% em mercados altamente competitivos.

Jefferson Nesello, sócio-fundador da Zaxo, compara o ciclo de M&A ao da agricultura: "Assim como no campo, há momentos de plantar e colher. A instabilidade econômica pode preparar o solo para aquisições estratégicas e colheitas mais ricas no futuro."

Leonardo Grisotto, também sócio-fundador, reforça que ativos de alto potencial no agro se valorizam mesmo em cenários adversos, criando ambiente ideal para negociações inteligentes e planejamento estratégico de longo prazo.

Fonte: Portal do Agronegócio

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