Publicado em: 05/08/2024 às 07:00hs
A Archer-Daniels-Midland (ADM), uma das principais empresas globais de comércio e processamento de grãos, não atingiu as expectativas de lucro no segundo trimestre, conforme divulgado nesta terça-feira. A companhia foi impactada por margens de esmagamento reduzidas e uma demanda enfraquecida pelas safras dos Estados Unidos.
Esses resultados refletem o cenário desafiador enfrentado por comerciantes globais de grãos e processadores de oleaginosas, que lidam com preços agrícolas em suas mínimas de quase quatro anos, devido a estoques globais elevados de milho e soja.
No trimestre encerrado em 30 de junho, a ADM registrou um lucro ajustado de US$ 1,03 por ação, abaixo da estimativa média dos analistas, que era de US$ 1,22 por ação, de acordo com dados da LSEG.
Os executivos da empresa mantiveram suas projeções para o ano, mas alertaram que as pressões entre oferta e demanda podem afetar significativamente a maior unidade de negócios da ADM nos próximos meses.
O segmento de Serviços Agrícolas e Sementes Oleaginosas da ADM registrou uma queda de 56% no lucro operacional em comparação com o mesmo período do ano anterior, totalizando US$ 459 milhões. Essa redução ocorreu em meio a uma venda mais lenta das safras por produtores sul-americanos, apesar do aumento da demanda por exportações na região.
Com a queda dos preços da soja para o nível mais baixo em quase quatro anos, o principal comprador, a China, redirecionou suas compras para as ofertas do Brasil e da Argentina, o que impactou negativamente os negócios da ADM nos EUA. Além disso, as margens globais de esmagamento de soja da ADM foram afetadas por problemas de oferta e demanda, além de desafios na produção de biodiesel.
As vendas de soja dos EUA ficaram atrás das expectativas, enquanto a China intensificou suas compras nas últimas semanas, mas com foco principalmente na soja brasileira, que oferece preços mais competitivos.
"Esperamos que essa dinâmica continue pressionando nossas margens no terceiro trimestre", afirmou Juan Luciano, CEO da ADM, durante uma teleconferência de resultados.
Além disso, a ADM e outros processadores de soja dos EUA enfrentaram pressão à medida que produtores de biocombustíveis reduziram o uso de óleo de soja, optando por alternativas mais econômicas, como óleo de cozinha usado importado.
Luciano destacou que a ADM espera uma melhoria nos fundamentos dos negócios de esmagamento e etanol no segundo semestre do ano.
O segmento de Soluções de Carboidratos, que abrange etanol e adoçantes, apresentou um aumento de 12% nos lucros operacionais em comparação com o mesmo período do ano anterior, impulsionado por maiores volumes de amidos e adoçantes e melhores margens.
Entretanto, o segmento de Nutrição registrou uma queda de 36% no lucro operacional trimestral, em parte devido aos custos de produção mais elevados e ao tempo de inatividade na fábrica de processamento de soja Decatur East.
A ADM não se manifestou sobre as múltiplas investigações em andamento pelo governo dos EUA, relacionadas a possíveis irregularidades contábeis. Monish Patolawala, vindo da gigante manufatureira 3M, deve assumir nesta semana como o novo diretor financeiro da ADM.
Fonte: Portal do Agronegócio
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