Publicado em: 05/12/2025 às 08:30hs
O agronegócio brasileiro vive um novo ciclo de profissionalização e valorização empresarial, com destaque para o avanço de grupos regionais que adotam práticas modernas de governança e gestão corporativa.
Segundo levantamento da PwC Brasil, o número de operações de fusões e aquisições (M&A) no setor atingiu 49 entre janeiro e setembro de 2025, o que representa um crescimento de 40% em relação ao mesmo período do ano anterior — o maior avanço desde 2020.
Esse movimento mostra uma tendência clara: empresas que se organizam internamente e aprimoram sua estrutura de gestão ganham valor de mercado antes mesmo de uma eventual venda.
“Quando um grupo regional combina domínio local com disciplina de gestão, ele muda de perfil. Deixa de ser apenas mais um produtor e passa a ser um ativo estratégico dentro de uma operação de M&A”, explica José Loschi, fundador da SRX Holdings.
A profissionalização da gestão tornou-se um divisor de águas no campo. Empresas que adotam governança corporativa, conselhos consultivos, auditorias independentes e planos de sucessão mostram maior solidez e sustentabilidade, o que atrai investidores e facilita o acesso ao mercado de capitais.
Por outro lado, negócios que ainda operam de forma familiar e sem controles estruturados perdem competitividade, mesmo apresentando bons resultados produtivos ou margens elevadas.
Essa transição reflete uma mudança cultural no agro: a gestão passa a ser tão estratégica quanto a produtividade no campo.
Além de elevar o valuation das empresas, a adoção de práticas de gestão estruturada permite que grupos regionais expandam seus horizontes estratégicos. Muitos passaram a investir em novas verticais de negócios, como processamento de grãos, biotecnologia e energia renovável, com o objetivo de diversificar receitas e reduzir riscos operacionais.
Esse modelo cria ativos complementares valorizados nas operações de fusões e aquisições, fortalecendo o caixa e aumentando a atratividade de cada grupo para o mercado financeiro.
“O problema não é o valuation do agro, mas a falta de métricas que comprovem onde o valor está sendo criado ou destruído”, pontua Loschi.
Com a crescente sofisticação do setor, empresas do agronegócio vêm incorporando indicadores de valor econômico à rotina de gestão. Métricas como o EVA® (Economic Value Added), amplamente utilizadas no mercado financeiro global, estão se popularizando no agro.
Esses indicadores permitem avaliar se o negócio realmente gera retorno sobre o capital investido, oferecendo aos gestores uma visão mais precisa para orientar decisões estratégicas, identificar gargalos e separar crescimento sustentável de expansão ineficiente.
Com essa abordagem, grupos regionais estão negociando com maior segurança e transparência, demonstrando objetivamente onde está o valor de suas operações e reforçando sua posição em um mercado cada vez mais competitivo.
Fonte: Portal do Agronegócio
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