Publicado em: 21/11/2013 às 15:10hs
Além disso, os custos de produção nesta safra devem subir, especialmente devido a maior necessidade de aplicações de inseticidas para o controle de lagartas, especialmente a Helicoverpa armigera que tem assustado os produtores". Glauer expôs, em artigo, que os recentes dados do USDA "devem ter sido os mais aguardados desde muito, principalmente porque o serviço do órgão ficou suspenso com a guerra entre o parlamento dos EUA e o Governo Obama. Os números, por outro lado, seguiram o estilo de sempre, muito otimismo diante um quadro de oferta de demanda apertado. Os analistas de marcado no Brasil inclusive já falam em escassez de soja nos EUA em breve, o que irá pressionar em muito os preços. Os americanos já estão com 84% da safra comercializada, mas o ano safra deles só termina em agosto de 2014".
Glauber Silveira explica que, "por outro lado, temos uma demanda aquecida da China que deve importar 10 milhões de toneladas a mais que na última temporada, cerca de 69 milhões de toneladas. Mas que essa demanda seja satisfeita, o Brasil deverá exportar 45 milhões de toneladas de soja grão. Entretanto, sabemos que a falta de logística e infraestrutura deve dificultar muito a entrega desse produto, com atrasos e possíveis cancelamento de contratos. E se pensarmos bem, a verdade é que a China não tem tantos fornecedores para que possa escolher de quem importar soja. Se olharmos para o mercado, o mundo compra soja basicamente do Brasil, dos EUA e da Argentina, que são responsáveis por 86% da soja exportada no mundo. No caso da China, por exemplo, EUA e Brasil fornecem mais de 80% da soja importada pelos chineses, enquanto a Argentina fornece pouco mais de 10%, sobrando em torno de 5% de outros fornecedores, mais ou menos 3 milhões de toneladas para importar de outros países, o que não faz nem cócegas na demanda Chinesa de 79,5 milhões de toneladas".
Glauber avalia que "fica evidente pelos números do USDA que se houver quebra de 5% na safra do Brasil, vai faltar soja no mercado internacional". O dirigente da entidade ainda expõe que, "pelos dados do IMEA, no Mato Grosso os produtores já estão no limite, com margens quase no vermelho. Consideramos o custo de oportunidade, a margem já está no vermelho, com custos totais de R$ 2.432,7 por hectare, contra uma receita de R$ 2.125,17 por hectare, com a saca negociada a R$ 40,00 e uma produtividade de 52 sacas. Para o milho a coisa é ainda pior, pois os preços estão muito baixos e os custos de produção em alta, o que tem feito os produtores pensarem se valerá a pena plantar uma área menor que da safra anterior ou até mesmo nem plantar. Normalmente, se os custos empatarem os produtores plantarão. E é por isso que realizaremos um fórum de debates sobre mercado, escoamento e desafio no controle de pragas, no dia 21 de novembro de 2013, na Universidade Federal da Grande Dourados, Mato Grosso do Sul. Levaremos especialistas no assunto para ajudar os produtores a tomarem as melhores decisões. Em meio a angústias e incertezas, uma notícia boa, o tão esperado protocolo de exportação de milho brasileiro para a China finalmente saiu. E em breve teremos a oportunidade de escoarmos uma parte do excedente de milho do Centro-Oeste para aquele país. Se tivermos uma confirmação de demanda de 10 milhões de toneladas para o milho brasileiro, estamos falando não só de viabilizar a segunda safra no Centro-Oeste, mas de uma maneira de garantir o crescimento da produção do cereal na região", afirma.
E conclui: "se somarmos a isso que novos projetos de Usinas Flex de etanol de milho e cana estão a caminho, podemos olhar mais otimistas para o futuro, esperando preços melhores para a soja e garantia de demanda para o milho. É claro que ainda precisamos de infraestrutura e logística, de ferrovias e hidrovias com urgência. Mas vemos que no horizonte começa a clarear novas oportunidades para o setor. Além disso, ano que vem tem eleição, momento dos produtores se organizarem e não só escolherem bem seus candidatos, políticos comprometidos com o setor, mas de acompanharem e cobrar ações que possam fazer a diferença".
Fonte: Só Notícias/Agronotícias
◄ Leia outras notícias