Publicado em: 21/01/2019 às 15:40hs
A aposta pode significar uma economia de milhões de reais em tarifas bancárias para as empresas do grupo e, de quebra, colocar a gigante do açúcar e álcool no mercado de fintechs no Brasil.
A Cosan, que também atua na distribuição de combustíveis e gás natural, quer convencer pelo menos parte de seus 20 milhões de clientes a encher o tanque ou pagar a conta de gás usando uma carteira digital chamada Payly (de ´pagamento diário´, em inglês). O objetivo inicial é eliminar a necessidade de cartões de crédito e de maquininhas para cartão em alguns dos 6.300 postos de gasolina que possui em uma sociedade com a Royal Dutch Shell. Com o tempo, a empresa quer construir um ecossistema mais amplo de usuários e empresas na plataforma.
O Payly já está em operação em cidades como Piracicaba. A própria Cosan tem usado o aplicativo para pagar funcionários, fornecedores e até o transporte de açúcar, substituindo gradualmente os métodos tradicionais de pagamento, que são mais caros, segundo o CEO da Payly, Juliano Prado.
"A gente perdia dinheiro e deixava de ganhar", afirma Prado, um ex-executivo da Shell, em entrevista. "A gente quer tirar o cartão de crédito da jogada."
Para convencer negócios a aceitar o novo meio de pagamento, a Payly cobrará dos comerciantes 0,1 por cento por transação, uma fração do que eles pagam às credenciadoras de cartões de crédito em média, 2,63 por cento, segundo dados do Banco Central relativos a 2017.
A Payly ganha dinheiro com o float dos recursos que os clientes deixam no aplicativo, que são aplicados em títulos públicos por exigência regulatória. No futuro, a empresa também pretende lucrar com comissões sobre a prestação de serviços, como recargas de celulares pré-pagos.
Na última década, a Cosan vem se diversificando em meio à estagnação dos preços internacionais do açúcar e a políticas de governo que restringiram a expansão do etanol de cana-de-açúcar no Brasil. A decisão incluiu a aquisição da Comgás e da operadora de trens ALL América Latina Logística, rebatizada como Rumo. A Raízen, sua joint-venture com a Shell, é a segunda maior distribuidora de combustíveis do Brasil e a maior produtora de etanol.
O Brasil abriga a maior quantidade de fintechs da América Latina, 377 ao todo, e a maioria delas está no setor de pagamentos, segundo relatório da Finnovista, uma aceleradora de fintechs com sede no México, e do Banco Interamericano de Desenvolvimento. Um relatório de 2017 do Goldman Sachs estimou um potencial de receita total de R$ 62 bilhões (US$ 17 bilhões) para o setor bancário e de pagamentos do Brasil em 10 anos o que a Payly espera explorar.
No ano passado, a StoneCo, uma nova empresa do ramo de pagamentos, levantou US$ 1,4 bilhão em uma oferta pública inicial na Nasdaq, atraindo investidores como a Ant Financial, do Alipay. A Tencent Holdings, dona do WeChat Pay, outra referência da Payly, também investiu em uma empresa brasileira de tecnologia financeira de pagamentos no ano passado: a companhia de cartões de crédito e débito Nubank.
Fonte: Bloolmberg
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