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Futuro do agronegócio é debatido em Campinas

Com foco no futuro do agronegócio, o encontro realizado no último dia 31 de julho no Royal Palm Plaza, em Campinas, SP, contou com a presença de aproximadamente 80 pessoas envolvidas com o setor, além de membros da imprensa especializada


Publicado em: 05/08/2014 às 14:10hs

Futuro do agronegócio é debatido em Campinas

“O Brasil tem chances de fazer no agronegócio o que é impossível para qualquer outro país”. Com esta declaração, Paulo Herrmann, presidente da John Deere Brasil, exemplificou o que foi mostrado por ele, pelo ex-ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues, e pelo sócio fundador da ABRAHAMS, Jeffey Abrahams.

Com foco no futuro do agronegócio, o encontro realizado no último dia 31 de julho no Royal Palm Plaza, em Campinas, SP, contou com a presença de aproximadamente 80 pessoas envolvidas com o setor, além de membros da imprensa especializada. Durante pouco mais de três horas, foram debatidos o cenário atual do agronegócio brasileiro, bem como sua importância para a economia brasileira, traçando previsões para os próximos anos sem deixar de fazer uma análise crítica do que precisa ser melhorado e mudado.

O primeiro palestrante foi Herrmann, que tratou de três pontos fundamentais para o futuro do agronegócio: a mecanização, a iLPF (integração Lavoura-Pecuária-Floresta) e a qualificação da mão-de-obra visando a “globalização” das funções.

Sobre o uso das máquinas no campo, o palestrante comentou: “É errado afirmar que as máquinas irão acabar com o trabalho do homem do campo, pois a população rural é cada vez menor no país. Quando fomos implantar as colheitadeiras de cana em algumas lavouras brasileiras, criamos um projeto que reposicionava o ex-catador de cana, ensinando-o a exercer outras funções, como eletricista ou pedreiro. O projeto teve adesão muito baixa, não por conta da falta de interesse, mas por conta da falta desta mão-de-obra, que já tinha desistido da profissão por outros motivos”.

Do começo dos anos 1990 pra cá, a produção agrícola do Brasil cresceu 230%, enquanto a área de plantio teve aumento de 56%. Segundo os palestrantes, isso se dá pelo fato de que a tecnologia brasileira no agronegócio evoluiu muito, mas é importante se manter alerta para o futuro.

“A Copa do Mundo nos ensinou que um time não ganha se não tiver só uma defesa e um ataque de primeira. É preciso ter um bom meio de campo. O Brasil possui, no agronegócio, uma defesa muito boa, que é a tecnologia utilizada em sua produção, que nos coloca como o maior produtor de alimentos do mundo, produzindo alimentos de alta qualidade, que são o nosso ataque. O meio de campo é um bom serviço de logística e um governo que saiba incentivar esta produção. Nós precisamos fortalecer isso”, afirmou o ex-ministro Roberto Rodrigues.

Segundo estimativas do OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o Brasil precisará, até 2020, aumentar em 40% a produção de alimentos para antender à procura mundial e, para Rodrigues, o Brasil tem capacidade para isso. Porém, de acordo dados da ONU, este aumento na produção poderia ser aliviado se o desperdício do que é produzido também fosse menor. “Atualmente, as máquinas colheitadeiras reduzem este desperdício em dez vezes. Antes, o produtor tinha um desperdício médio de 8%. Hoje, a mecanização reduz este nível para 0,8%”, avaliou Herrmann. “Para o pequeno produtor, a Embrapa também possui iniciativas de baixo custo que, além de diminuírem os desperdícios, ainda agilizam a produção”, destacou o presidente da John Deere.

Assunto fortemente debatido este ano e fruto de pesquisas da Embrapa, a iLPF também teve destaque no evento. Através do método é possível ter duas safras no mesmo local e ainda criar um pasto protegido com sombras de eucalipto para o gado que, sem o contato direto com o sol, diminui o nível de stress e aumenta a conversão alimentar, produzindo carne de melhor qualidade.

“Primeiro se planta a soja, que graças à biotecnologia diminui seu tempo de produção de 150 dias para 100 dias. Depois da colheita, prepara-se o solo para a plantação de milho e brachiaria, que servirá de pastagem para o gado. O milho cresce antes da brachiaria e pausa o crescimento do pasto. Com a colheita do milho, a brachiaria volta a crescer. O produtor planta os eucaliptos e traz o gado para um pasto com sombra. Tudo no mesmo lugar, com a mesma mão-de-obra e a mesma estrutura. Diminuem-se os custos, aumenta-se a produção e o mercado externo fica em desvantagem. Isso só é possível aqui no Brasil e nós temos que investir nisso”, analisou Herrmann.

No entanto, segundo o presidente da John Deere e o sócio fundador da ABRAHAMS, é necessário investir na formação de profissionais que entendam este processo em todos os seus detalhes. Profissionais com conhecimento das técnicas de plantio, colheita e criação pecuária serão cada vez mais exigidos por produtores que implantem o iLPF em suas fazendas.

“O agro sustenta o superávit da economia brasileira, e precisa estar sempre evoluindo para não ser superado. Espero que o futuro seja ainda mais promissor para o agronegócio brasileiro”, concluiu o ex-ministro Roberto Rodrigues.

Fonte: Meio Rural

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