Publicado em: 05/06/2025 às 11:35hs
A Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) intensificou nas últimas semanas suas articulações junto a bancos, governos federal e estadual, além de entidades do setor, para buscar soluções emergenciais que ajudem a mitigar a grave crise enfrentada pelos produtores de arroz no Brasil.
Segundo dados da consultoria Safras & Mercado, o país enfrenta um excedente de arroz estimado em 14,2 milhões de toneladas, enquanto a demanda anual é de apenas 12,2 milhões. Com estoques previstos acima de 2 milhões de toneladas — recorde histórico — os preços sofrem forte pressão para baixo. Esse cenário é resultado da combinação de aumento da área cultivada, produtividade elevada, demanda interna enfraquecida, exportações abaixo do esperado e preços internacionais em baixa.
Na região da Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, as indústrias ofertam entre R$ 60,00 e R$ 65,00 por saca de arroz com rendimento acima de 58% de grãos inteiros, enquanto os produtores mantêm a expectativa de preços acima de R$ 70,00. Em maio, a média estadual ficou em R$ 73,20, uma queda de 3,11% na semana e de 39,41% em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo levantamento da Safras & Mercado.
A Federarroz está em negociação com Banrisul, Banco do Brasil e Sicredi para possibilitar o escalonamento dos pagamentos dos financiamentos de custeio, dando fôlego financeiro aos produtores e evitando que sejam obrigados a vender em massa nos próximos meses. O Banrisul já sinalizou apoio à proposta, e espera-se adesão das demais instituições. O presidente da Federarroz, Alexandre Velho, enfatizou: “É preciso estancar a queda dos preços. Os valores atuais inviabilizam a produção e é essencial criar alternativas para que o produtor não precise vender tanto agora.”
No dia 4 de junho, foi realizada uma audiência entre o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, subsecretário da Fazenda, Ricardo Neves, e representantes do setor produtivo. Na reunião, o governo demonstrou sensibilidade à crise e prometeu buscar soluções de curto prazo para amenizar os impactos no setor, que enfrenta preços abaixo dos custos de produção e ainda sofre com adversidades climáticas recentes. Segundo o diretor jurídico da Federarroz, Anderson Belloli, “o governo se comprometeu a buscar alternativas que possam ajudar os arrozeiros a superar este momento difícil.”
Além das ações estaduais, a Federarroz prepara uma mobilização em Brasília para a próxima semana, com reuniões junto a órgãos federais. Também está marcado para o dia 6 de junho um encontro com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), visando encontrar soluções para a crise de rentabilidade no setor.
A Federação mantém contato constante com associações regionais de produtores e realiza agendas de orientação técnica nos polos arrozeiros. O objetivo é garantir transparência nas ações e ouvir ativamente as demandas da base produtora para melhor encaminhamento das medidas necessárias.
Fonte: Portal do Agronegócio
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