Publicado em: 11/12/2024 às 11:05hs
A Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) alertou, em coletiva de imprensa nesta terça-feira (10), para a possível redução na área plantada de arroz no estado, devido ao excesso de chuvas no final do ano e à falta de apoio efetivo aos pequenos produtores da região Central. De acordo com a entidade, 31% da área prevista ainda não foi plantada na região.
O presidente da Federarroz, Alexandre Velho, ressaltou que o ano de 2023 foi marcado por desafios significativos, não apenas devido às condições climáticas e à comercialização, mas também por intervenções do governo federal. Velho destacou ainda o impacto das recentes enchentes, que sucedem dois anos de seca, e alertou que esse cenário afetará a colheita, inclusive a soja, para os produtores que cultivam ambas as culturas. “Será necessário manter altas produtividades, mas já indicamos que o custo de produção poderá aumentar devido à necessidade de recuperação estrutural nas propriedades, com a recuperação de canais de irrigação, drenagem e armazenagem”, explicou o presidente. Ele também apontou que muitos produtores da região Central ainda enfrentam problemas com a erosão do solo, sem terem recebido o apoio governamental prometido.
A Federação também discutiu os efeitos da falta de luminosidade, causada pelas chuvas constantes, especialmente no final deste ano. O Instituto Riograndense de Arroz (Irga) havia anunciado que até 5 de dezembro, 5% da área prevista no estado ainda não havia sido plantada. Na região Central, a situação é ainda mais preocupante, com 40 mil hectares (31%) por plantar. Velho destacou que, diante desse cenário, não é provável que a estimativa de 948 mil hectares plantados se confirme. “A lavoura está complicada devido ao manejo de plantas invasoras, aplicação de uréia e irrigação, pois as chuvas têm dificultado as atividades no campo”, complementou. Esse atraso no manejo pode resultar em uma produtividade inferior à esperada.
O presidente da Federarroz também manifestou preocupação com os preços do arroz. Ele criticou a decisão do governo de lançar contratos de opção com preços muito baixos, o que, segundo ele, pode desestimular os produtores. “O preço proposto pelo governo está abaixo do custo de produção, o que torna o contrato inviável para os produtores gaúchos. O primeiro leilão da entressafra mostrou que apenas 4% da oferta foi vendida, o que demonstra o desinteresse do setor”, afirmou. O custo do arroz irrigado varia entre R$ 90,00 e R$ 100,00 a saca, dependendo da região, e o preço sugerido pelo governo para agosto de 2025 é de cerca de R$ 87,00, com antecipação para março, próximo a R$ 80,00, um valor que não cobre os custos de produção.
Velho alertou que essa situação pode afetar negativamente o setor, que já passou por uma recuperação após a perda de áreas nos últimos anos. “O Rio Grande do Sul já plantou mais de 1,1 milhão de hectares no passado, mas há dois anos o número caiu para 840 mil hectares. A recuperação da área está em risco devido a essa falta de rentabilidade e a preços baixos no mercado”, concluiu.
Fonte: Portal do Agronegócio
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