Dos grandes produtores nacionais, apenas o Estado revela perdas de um ciclo para outro e boa parte da retração foi contabilizada na cultura da soja, commodity que de um ano para o outro perdeu quase R$ 4 bilhões. Boa parte da receita foi perdida pelas adversidades em decorrência de clima e incidência de pragas, bem como pela influência das recentes baixas sobre a cotação da saca.

Conforme dados divulgado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), por meio do levantamento do Valor Bruto da Produção (VBP), as principais culturas em desenvolvimento no Estado vão somar, da porteira para dentro, cerca de R$ 40 bilhões, volume 1,5% menor que o saldo do R$ 40,64 bilhões da safra anterior, a 2011/12. Enquanto o maior produtor de grãos e fibras do país segue líder na produção pelo segundo ano consecutivo e fatura menos, o VBP da safra brasileira deve encerrar o ciclo com acréscimo de 10,8%, considerando a estimativa atual de receita de R$ 275,89 bilhões.

Os ajustes, que consideram o volume da produção em toneladas e preço médio de mercado no período analisado, feitos no mês passado, elevaram de maneira tímida o VBP mato-grossense. Em junho a estimativa era de R$ 39,85 bilhões, ou, 1,8% menor que o resultado de 2012.

CULTURAS

Das cinco principais lavouras mato-grossenses, três ampliaram o faturamento por meio de preços e produção – cana-de-açúcar, milho e arroz – e duas reduziram a receita a soja e o algodão.

A oleaginosa que mesmo encerrando a safra com produção 10,39% maior na comparação com o volume do ciclo anterior, tem o VBP rebaixado de R$ 23 bilhões (2012) para atuais R$ 20,93 bilhões. No levantamento de julho a estimativa do Mapa era de R$ 21,45 bilhões. O algodão tem perda anual de cerca de R$ 900 milhões, em razão da retração de quase 42% na produção de pluma. Em 2012, o VBP da cotonicultura foi de R$ 8,03 bilhões e para esta safra a projeção é de R$ 7,20 bilhões.

Entre as culturas que devem fechar no ‘azul’, estão a cana-de-açúcar, cujo VBP deve sair de R$ 1,09 bilhão para R$ 1,27 bilhão, resultado da dobradinha produção e preços. O arroz - que saiu da sua pior safra no ano passado, em relação à área plantada, a menor da série histórica da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) – deve atingir faturamento de R$ 336,35 milhões, ante, R$ 284,68 milhões.

Fechando o ciclo de bonança no Estado está o milho segundo safra, que desde o ano passado assumiu posição de destaque na produção estadual e passou, de forma até então inédita, o VBP do algodão. A projeção segue positiva e vai superar em cerca de R$ 1,9 bilhão a receita anterior. Conforme o Mapa, o cereal passa de R$ 7,31 bilhões para R$ 9,22. Conforme analistas, o VBP do milho pode alterar para mais ou para menos por dois fatores. O primeiro é a colheita do cereal na reta final, mas que segue surpreendendo em produtividade e a definição de preços da saca, visto que a média de R$ 10 ao norte do Estado vem preocupando o produtor, que espera intervenções do governo federal para ajustar a diferença entre mercado e custo de produção, que atualmente chega a quase R$ 5 por saca, em desfavor do produtor, pois a cotação a R$ 10, não paga o custo por saca entre R$ 14 e R$ 15 nesta safra.