Publicado em: 04/06/2019 às 12:40hs
Santa Catarina festeja 12 anos de certificação internacional como área livre de febre aftosa sem vacinação, proclamada pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), exatamente pela atenção que deu a essa conquista.
Estávamos em Paris em 25 de maio de 2007, quando a 75ª assembleia geral homologou a decisão técnica da Comissão Científica da OIE (Organização Internacional de Saúde Animal). Naquela ocasião, registrávamos 14 anos sem ocorrência de aftosa e seis anos sem vacinação, configurando um status sanitário único no Brasil. Hoje são 26 anos sem a doença e 18 anos sem vacinação.
O caminho para chegar a esse resultado foi longo. Muitos segmentos não compreendiam a importância dessa questão. A Faesc, a Ocesc e o então secretário da Agricultura Odacir Zonta chegaram a ser processados por uma certa liderança política por defenderem a suspensão da vacinação e a busca de um status sanitário mais elevado.
Desde a década de 1990 a Faesc propunha ao Ministério da Agricultura a manutenção do Circuito Pecuário Sul com diferenciação de status sanitário: Santa Catarina seria declarada área livre de aftosa sem vacinação e, o Rio Grande do Sul, área livre com vacinação. Nosso Estado tornou-se uma ilha de sanidade no Brasil, demonstrando possuir um dos mais confiáveis sistemas sanitários do País. Essa condição resultou de esforços dos produtores rurais, das agroindústrias e do governo.
Para manter essa condição, um eficiente sistema de vigilância e atenção sanitária precisa estar sempre em pleno vigor, tendo como atores e corresponsáveis todos os elos da cadeia produtiva – os criadores, as indústrias e os órgãos estatais. Importante, também, realçar o papel dos Sindicatos Rurais e do Instituto Catarinense de Sanidade Agropecuária (Icasa), mantido pelas agroindústrias.
A Polícia Militar participa desse esforço ao lado da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina que mantém 63 barreiras sanitárias fixas nas divisas com Paraná, Rio Grande do Sul e Argentina para controlar a saída de animais e produtos agropecuários. Em Santa Catarina todos os bovinos e bubalinos são identificados e rastreados. Está proibido o ingresso de bovinos provenientes de outros estados. A entrada de ovinos, caprinos e suínos criados fora do território catarinense está condicionada a quarentena na origem e no destino, além de testes para a febre aftosa, exceto quando destinados a abate imediato em frigorífico sob inspeção.
Apenas três países da América Latina são considerados livres de febre aftosa sem vacinação pela OIE: Chile, Guiana e Peru. Existem zonas livres (Província, Estado ou Departamento) na Argentina, Bolívia, Colômbia e Equador.
Nossa especialização em proteína animal tem reconhecimento planetário. Santa Catarina se tornou o maior produtor de suínos do Brasil, o segundo maior produtor de aves e o quarto maior produtor de leite. O agronegócio responde por 64% das exportações catarinenses, atingindo 160 países. A influência do status sanitário na conquista de novos mercados é evidente. Em 2006, um ano antes da certificação internacional, Santa Catarina exportava 184 mil toneladas de carne suína (receitas de US$ 310 milhões), saltando em 2018 para 326,3 mil toneladas e obtenção de divisas da ordem de US$ 608,4 milhões. Nesses 12 anos crescemos 77% em volume e 96% nas receitas com vendas externas. Na mesma trajetória ascendente, a carne de frango tornou-se o primeiro produto das exportações catarinenses: em 2018 foram embarcadas 1,08 milhão de toneladas que renderam US$ 1,8 bilhão.
É vital manter essa conquista e jamais baixar a guarda, pois ocorrência de qualquer epizootia (doença) causaria prejuízos bilionários à economia barriga-verde. Repito: O preço da segurança é a eterna vigilância.
José Zeferino Pedrozo - Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/SC)
Fonte: MB Comunicação Empresarial/Organizacional
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