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Estamos vivendo uma “crise criada”, diz presidente da Abag

A crise vivida atualmente pelo setor sucroenergético não é apenas consequência da crise econômica mundial de 2008, mas também por uma série de ações políticas e econômicas realizadas pelo governo


Publicado em: 07/11/2013 às 20:00hs

Estamos vivendo uma “crise criada”, diz presidente da Abag

Quem faz a afirmação é o presidente da Associação Brasileira do Agronegócio, Luiz Carlos Correa de Carvalho (Caio), um dos palestrantes do 6º Congresso Nacional de Bioenergia, organizado pela União dos Produtores de Bioenergia (Udop), em Araçatuba (SP).

De acordo com Carvalho, o governo está intervindo no setor de modo que está gerando insegurança nos investidorespotenciais. “As intervenções estatais geram insegurança. Isso derruba o valor das companhias. No caso da Petrobras, melhor seria se o governo não tivesse feito nada para segurar o preço da gasolina. Agora, o custo será alto”, explica o executivo. A principal intervenção estatal é em relação ao preço da gasolina, que o governo mantém para evitar a inflação.

Essa crise, segundo ele, não tem nada a ver com a crise de demanda dos anos 1988 e 1999 e também não é uma crise que atrapalhe o desempenho do açúcar. “É crise de energia: de etanol e de energia elétrica co-gerada. E de gasolina, para a Petrobrás, com graves consequências. Não é marolinha, é uma crise criada”, diz.

Nos últimos anos (das safras 2002/2003 até a safra de 2009/2010), o setor cresceu 10% ao ano, devido ao crescimento acelerado da demanda de açúcar no mercado internacional; aumento no uso de etanol com o lançamento dos carros flexfuel e estímulos a co-geração de energia; e de 2009 para 2012, decresceu 1% ao ano. Esse decréscimo foi provocado pela falta de crédito, falta de margens e redução de investimentos. “É a tal insegurança gerada por essa crise criada”.

Os principais problemas do setor hoje, a chamada crise, são os preços baixos, baixo volume de energia elétrica co-gerada, déficit elevado com a gasolina importada, comprada com preços superiores aos do mercado doméstico e a queda da produtividade e oferta estagnada do etanol hidratado. Todos estes problemas têm sido provocados pela insegurança gerada pela política estatal. Já a crise de 2008 gerou consequências como desalavancagem nos investimentos, aumento de custos de produção aliada à instabilidade climática daquele ano, gerou queda de produtividade dos canaviais, que já estavam ficando velhos.

Saídas

Para o executivo, o governo só tem uma saída: “Ou retoma com prioridade a política para o etanol ou produz gasolina. Isso, porém, é impossível pois não temos refinarias, então neste caso a importação continuará sendo feita e os problemas aumentarão para o setor e para a Petrobras”, lamenta. De acordo com Carvalho, uma das saídas seria a retomada da incidência da Cide no preço da gasolina e a redução da alíquota do ICMS no preço do etanol hidratado. “Com a retomada, seria possível investir (a arrecadação) em transporte coletivo, produzir mais etanol e reduzir as importações. Já no caso do ICMS, proporcionaria investimentos por parte da cadeia produtiva”.

A agenda urgente para o setor, além destes itens, ainda inclui a recuperação da produtividade agrícola e da qualidade dos canaviais e a melhora na performance do etanol nos motores de ciclo oto.

Fonte: Globo Rural

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