Publicado em: 14/05/2019 às 13:40hs
Dez anos após a compra da Sadia pela rival Perdigão, a BRF, empresa que resultou da operação, não conseguiu criar identidade própria nem tornar-se uma "campeã nacional", uma multinacional brasileira dominante no segmento de carne de frango. Juntas desde 2009, as duas não conseguiram ser maiores nem mais eficientes do que eram separadas. Os números mostram que a BRF, mesmo tendo feito aquisições no exterior nesse período, não expandiu a receita nem a rentabilidade.
No ano passado, as vendas no Brasil renderam R$ 16,2 bilhões. Cálculos do Valor Data mostram, porém, que em 2010 a receita líquida, corrigida pela inflação do período, foi de R$ 17,7 bilhões. Quando as ações da Sadia foram incorporadas pela Perdigão, em setembro de 2009, o grupo valia R$ 20,6 bilhões. No fim de 2018, o valor caiu para R$ 17,8 bilhões. Hoje, está em R$ 24,7 bilhões, graças ao surto de peste suína africana na China. Há três anos a BRF opera no vermelho. Em 2018, o prejuízo superou R$ 4 bilhões, o maior de sua história.
Os acionistas de Sadia e Perdigão nunca imaginaram que a fusão das empresas, marcas líderes do varejo nacional há décadas, as enfraqueceria. Em 2006, a Sadia fez oferta hostil (tentativa de compra do controle acionário na bolsa, sem acordo prévio) pela Perdigão. Três anos depois, a Perdigão comprou, com apoio do BNDES, uma Sadia em grave dificuldade financeira. O então governo Lula viu na fusão a chance de criar uma "campeã nacional". A nova empresa nasceu com o capital pulverizado, sem controlador.
Em abril de 2013, insatisfeitos com a rentabilidade da empresa, um de seus maiores acionistas, a gestora Tarpon, com apoio da Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, convenceu o empresário Abilio Diniz a comprar ações na bolsa e a assumir a presidência do conselho de administração. Uma sucessão de erros desviou a companhia da rota esperada. A reestruturação do modelo de produção não deu certo e, em meio à recessão da economia brasileira, a BRF viu seu sonho de ser a "Ambev das carnes" tornar-se um pesadelo.
Fonte: Avisite
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