Gestão

De planilhas de Excel a softwares de gestão: empresas do agro apostam em ferramentas de RH para alcançar melhores resultados no campo

ATTO Sementes e Grupo JGV utilizam plataforma de gestão, metas e acompanhamento de resultados visando aprimorar rotinas no campo


Publicado em: 02/02/2022 às 08:00hs

De planilhas de Excel a softwares de gestão: empresas do agro apostam em ferramentas de RH para alcançar melhores resultados no campo

O agronegócio tem se mostrado como a principal força motriz da economia do país, batendo recordes de safras e exportações. E ainda há mais capacidade de expansão de produtividade e geração de oportunidades no Brasil, mas, para isso, é preciso olhar para a gestão de processos e pessoas.

Bom maquinário, insumos de qualidade e tecnologia são fatores que contribuem para o avanço do setor, e pessoas capacitadas para as diferentes atividades exigidas no campo podem ser decisivas. E é aí que entra a gestão do capital humano. Assim como em outros setores, trata-se de um conjunto de estratégias que objetivam o desenvolvimento das pessoas da organização. No agro, especificamente, é preciso levar em conta que se trata de uma indústria a céu aberto, com toda dinamicidade que isso representa. 

Tanto que a agricultura de precisão deu lugar à agricultura de decisão, explica Elder Landgraf, 43 anos, gerente de planejamento e gestão de resultados na ATTO Sementes, empresa com cerca de 1 mil colaboradores, com sede em Rondonópolis (MT). Trata-se de uma prática na qual a análise de dados e o cruzamento de informações para análises complexas fazem parte da rotina no campo, sempre em busca de melhores resultados. Por exemplo: um gestor consegue acompanhar, de dentro do escritório, qual máquina está tendo melhor rendimento na hora da colheita, mas não só. Também é possível monitorar o operador deste equipamento, saber como ele está performando. 

“O timing no campo é muito curto. Você não tem uma previsibilidade tão grande se comparado a uma indústria. É tudo muito dinâmico. E, hoje, os dados dão a possibilidade para o agricultor acompanhar isso e atuar de forma muito rápida e assertiva. Por isso, é fundamental aplicar uma metodologia com foco na gestão de resultados. Ela permite, por exemplo, conhecer com antecipação indícios de problemas que podem acontecer nos processos”, avalia Landgraf. 

Na ATTO, explica o gestor, rituais de gestão acompanham os resultados de forma sistematizada. Com dados disponíveis online em painéis de BI (Business Intelligence) conectados aos vários softwares da empresa, a gestão se inicia com rituais diários e semanais para análise dos indicadores. E na primeira semana do mês, gestores imediatos dos diferentes setores analisam os resultados consolidados das metas, se foram atingidas ou não. Em caso negativo, é feita uma análise da metodologia para compreender as causas do não alcance do resultado e, a partir disso, são estabelecidos planos de ação sistematizados, para reverter os resultados e bater as metas. 

O agronegócio é uma atividade altamente dependente da mão de obra manual, pontua Maria Thereza Vinhal, 37 anos, diretora administrativa do Grupo JGV, que atua há mais de 40 anos no mercado agrícola com concessionária de máquinas agrícolas e como produtores de gado de corte e café, especialmente nos Estados de Minas Gerais e Goiás e no Distrito Federal. Portanto, executar uma gestão eficiente dos colaboradores tende a trazer maior eficiência operacional e aumentar a rentabilidade da propriedade. No Grupo JGV, assim como na ATTO, a plataforma Mereo de gestão e metas e acompanhamento de resultados está implantado, há quatro anos, em todos os níveis da empresa, desde a diretoria até a performance individual do mecânico. Como resultado, explica Maria Thereza, se tem a governança, que nada mais é a maneira com que as empresas organizam seus processos corporativos. Envolve a forma como ela é administrada, a estrutura de tomada de decisões e a transparência sobre o que está sendo feito e sobre os resultados. “Antes, a gente trabalhava com planilha de Excel. Era um vai e volta de dados que complicavam o entendimento. Com o software, conseguimos acompanhar metas e resultados e instituir a governança”, conta a gestora. Governança é um pilar que trata de problemas reais do campo, relacionados a riscos, sucessões, controle, gestão e transparência. Portanto, quando aplicada, é uma ferramenta para lidar com os desafios do meio rural. 

Na agricultura 4.0, a tecnologia é forte aliada do produtor, por tornar os processos mais automatizados e eficientes. Mas, quem controla essas máquinas são pessoas, por isso a gestão desses indivíduos também precisa ser profissionalizada, explica Ivan Cruz, co-fundador da Mereo, plataforma integrada de gestão de pessoas presente em mais de 40 países e responsável por atender a 50 das 500 maiores empresas do Brasil. “Gestão é fundamental em qualquer empreendimento, no agronegócio não seria diferente. Trata-se de um setor que requer previsibilidade, controle, metas e estratégias. E por mais tecnificada que seja a propriedade, são as pessoas que fazem com que as coisas aconteçam”, sustenta Cruz. Atualmente, a plataforma da Mereo é utilizada por sete empresas ligadas ao agronegócio. “Trata-se de um segmento dinâmico e complexo, devido à variabilidade de fatores que impactam os resultados dos negócios, mas que têm investido cada vez mais em tecnologia e gestão. Acredito que o sucesso do agro no Brasil é exatamente a combinação destes investimentos aliados à visão empreendedora dos líderes à frente das organizações. Com gestão e tecnologia, a cada ano os processos ficam mais eficientes e a produtividade aumenta, gerando recordes nos resultados. Mesmo em tempos onde há eventos extremos climáticos, os resultados não são tão ruins”.

São as pessoas que manejam animais (desde a alimentação até a inseminação), plantam ou operam máquinas, colhem, fazem registros. Ou seja, são elas que garantem a excelência e a qualidade dos produtores e serviços, por isso é tão fundamental um olhar especial para a gestão do capital humano no campo.